quinta-feira, março 26, 2020

Um argumento perigoso

A Cietezinha passou com sucesso por todas as provas. Ela pôs a mesa na senhorial casa com toda a classe. Limpou o quarto do Estorietas, fez a caminha, sempre com o homem da máquina fotográfica a registar a sua ação. Faltava uma prova para a decisão final…
- Estamos muito contentes consigo – disse um dos coordenadores. – Vamos fazer uma última prova para determinar se usamos as suas fotos e avançamos para um projeto mais elaborado. É importante que comece a manifestar os sinais de uma paixão avassaladora para com o galã e hoje vai ser submetida a uma prova crucial: vai encontrá-lo numa gruta com outra mulher. O argumento é o seguinte: é preciso levar alimentos ao nosso herói que está refugiado numa gruta, pois é perseguido pelos homens de uma comunidade minoritária. Uma mulher dessa comunidade apaixonou-se loucamente por ele. Tem ali uma cesta com os alimentos, pegue nela e caminhe lentamente para a gruta, espreite lá para dentro para ver se pode entrar e, em caso afirmativo, entregue os alimentos ao herói. Sorria, transmita calor ao encontro e, à saída, mantenha a sua mão entre as dele mais do que o normal.
Ela começou a não gostar muito da conversa já que não estava preparada para um encontro romântico, mas pegou na cesta e aproximou-se da gruta enquanto o fotógrafo ia registando os seus passos.
Olhou para o interior da gruta e, de repente, soltou um grito, levou a mão ao peito e caiu redonda no chão.
Que se passaria?
Um dos coordenadores olhou para o interior da gruta e começou a gritar como um louco:
- Parem, parem, dominem-se, não é local para essas coisas…
Efetivamente, no interior da gruta, o Estorietas e a Deolinda consumavam um amor frenético. O ambiente era avassalador. A jovem não tinha resistido a uma paixão louca suscitada pela proximidade de um beijo técnico e todo o ambiente do salão da banda parecia anunciar que algo ia acontecer.
E, de repente, a gruta explodiu.

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