sexta-feira, janeiro 14, 2005

Feira dos pinhões

O que o skywatcher me veio lembrar...
Recordo imediatamente uma que vivi no Vale Travesso há uns cinquenta anos.
Devo ter subido a encosta mais ou menos a partir daquela casa onde toda a gente, hoje, vai buscar água, ali, perto do cruzamento para Seiça.
Lá em cima, estavam as vendedoras com cestos carregados de pinhões e aquelas medidas de madeira.
Mas eu gostava especialmente das enfiadas. Talvez fossem mais torradinhos, talvez tivessem mais sabor.
Naquela época, dava para estar deitado pelo chão a respirar ar puro e a saborear aquelas maravilhas e os tremoços. Por vezes, também havia música, alguma ao vivo com realejo ou concertina.
Depois, ao fim do dia, era só descer a encosta. Para baixo tudo era mais fácil...
O nosso amigo skywatcher tem toda a razão. Por dois dias, deixemos este azedume que nos move relativamente aos "Pinóquios" e deliciemo-nos com os pinhões de Santo Amaro.
Mas eu tenho de ficar cá pela Parede e agora tudo vai ser muito mais difícil...


O Centrão
O Fred tem toda a razão:

Não percebo nada de política, mas uma coisa sobressairá de imediato nas próximas eleições: se o PS ganhar, só prova que o povo tem memória curta. O problema é que o grande 'centrão' do país, entre PS e PSD, não tem muito por onde escolher.

É verdade, esse centrão não serve o país. Precisa de reciclagem.
Por isso, há que votar bem à esquerda para o centrão rever as suas propostas, a sua prática e procurar, efectivamente, servir os portugueses.


20 milhões de euros

É quanto os partidos vão gastar na próxima campanha eleitoral, utilizando dinheiros públicos.
Honra lhes seja feita. Vê-se logo que estão a dar o exemplo e a apertar o cinto como tanto têm exigido aos portugueses.
Mandasse eu nisto e, se cada um levasse 100000, ainda estavam com sorte. O resto que pagassem os militantes.

90 euros

90 euros para idosos que vivem em pobreza extrema.
90 euros para cada um dos 300000 já determinados.
90 euros que não acabam com a miséria.
90 euros que podem ser a diferença no voto.
90 euros que podem dar a maioria absoluta.
90 euros que para uns trazem a euforia da vitória e para outros uma miséria mais escondida.
Eis porque há Promessas Assimétricas.

Ora, toma!

Pensavas que te devolviam os benefícios fiscais?
Querias incentivos para poupares para a casinha do filhote?
Acreditavas em incentivos para poupares para a reforma?
Nem penses. A estabilidade fiscal não vai permitir. Nós não acreditamos na igualdade poupança / investimento.
Por isso, consome.
Só há incentivos para quem inovar.

Aliás, imagino as infindáveis manobras de bastidores que por aí há para que, na devida altura, milhares de inovadores floresçam.


O Príncipe Sarmento

Resolveu acusar os seus críticos de falta de sentido de Estado.
Deve estar muito equivocado.
Deve estar a ver-se ao espelho.
Efectivamente, o que falta cada vez mais ao pessoal é o sentido de resort.


quinta-feira, janeiro 13, 2005

O hino de David

Vou destruindo Ourém
Sou homem de muita raça
Há um ano, vejam bem,
Foi o jardim da Praça

Pela Rua de Castela,
Indemnizações vou largar,
Chegam para uma morcela
Quero é pô-los a andar

Nossa Senhora nos trouxe
Em Fátima a revelação
Com autoestrada nos brindou
Para nos unir à Nação

Sou David Exterminador
Comigo trago Seis Balas
O betão é o meu amor
Não cultivo boas falas

(continua em melhor dia)
Arrefecimento

Mal chego a este blog e falo em algo relacionado com a CDU, nota-se uma diminuição de comentários e leituras, como se os meus amigos receassem contaminação.

Porque reagem assim?

O Ourem não faz campanha por qualquer partido ou coligação. É um blog aberto à esquerda, cabendo aqui todas as ideias que se possam traduzir numa sociedade mais justa. Isso não é um exclusivo da CDU, nem eu concordo com tudo o que esta organização possa defender, mas as minhas discordâncias não são razão para a banir das minhas influências numa altura em que, do ponto de vista político e social, as minhas certezas são quase nulas.

Antes, ainda apareciam o Joca, a Noémia ou o Trovoada para animar a luta contra os perigosos comunas, mas, agora, é um gelo total...

E o BE? Será que não há Bloco em Ourém? Se há, porque não aproveitam um bocadinho deste espaço?

Mais compreensível é o desprezo dos socialistas cuja luta pela liberdade eu tanto prezo, mas cujas concessões à direita tanto me desgostam e me fazem, por vezes, dizer algo que não lhes agrade.

Mas é meu destino sentir esta desconfiança da parte de organizações que reunem tantos princípios em que me revejo, pois estou sempre pronto a denunciar práticas não conciliáveis com o que defendem.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

O dedo na ferida

É preciso pôr fim a políticas que em 28 anos levaram ao aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres. É inaceitável que uns especulem enriquecendo e outros trabalhem empobrecendo.

Efectivamente, tal como diz Jerónimo, é uma questão de políticas.
Pobreza

O secretário-geral do PS, José Sócrates, garantiu hoje, em Santarém, que os "idosos mais pobres", aqueles que se encontram abaixo do limiar da pobreza, serão a prioridade das políticas sociais de um eventual Governo socialista.

Prometeu apresentar, "em breve", um programa de apoio aos idosos que são "efectivamente pobres" para colocar as suas pensões "ao nível do limiar de pobreza" nos próximos quatro anos.

Claro que é de apoiar todas as medidas consequentes para tirar as pessoas da miséria.

Mas, no fundo, PS e PSD são muito semelhantes na fé que têm na capacidade de discriminação com rigor. O PSD queria lançar portagens diferenciadas entre os portugueses baseadas nos seus rendimentos. O PS quer distribuir tendo por base algo de semelhante. Um arrecada, outro dá. Mas ambos acreditam cegamente num sistema de detecção que não presta, o que significa que, muito possivelmente, nunca acertarão no alvo.


Escola da Amieira vira tasca do petisco!

Parece que a desactivada escola Primária da Amieira vai mesmo parar às mãos dos caçadores contra a vontade da população, e entregue pelo autismo político local sob uma forma de contornos ainda não definidos (possivelmente ad eternum, ou seja até eles deixarem de funcionar).

Mais, é entregue um espaço público a uma associação sem fins lucrativos, mas que pretende explorar lucrativamente o espaço sem qualquer retorno para a sociedade civil, de qualquer género de actividade (salvo a famigerada caça).

Podemos ler este e outros artigos importantes em Brisa Mínima de 1bigonobalcao.

(Continuar a ler "Escola da Amieira vira tasca...")
Pessimismo

Um jornalista da Reuters traçou um quadro negro de Portugal considerando o pessimismo como o sentimento mais marcante da actualidade.

Estou um pouco de acordo.

A acção dos últimos governos traduziu-se numa monumental manifestação de incapacidade, levando o país para uma crise profunda da qual vai ser muito difícil recuperar.

A agravar o que se passou, constata-se a inexistência de algo que nos possa galvanizar nos próximos tempos. O PS ganha as eleições... e depois? Que vai acontecer? Há promessas de investimentos na inovação, na tecnologia, mas que garantia temos que isso não vai ser outra vez aquilo a que o PS nos habituou: gastar sem grande aproveito...? gastar por gastar...?

Mas, se o PS não ganhar as eleições, que nos prepara a direita? Mais despedimentos? Elevação da idade de reforma depois de lá terem os descontinhos todos...? Vejam as propostas da dupla Cadilhe-Medina Carreira que mostra que andam a afiar bem os dentes...

Pela ausência de projecto galvanizador, pelas ameaças que a direita já prepara, pela incapacidade para garantir uma unidade à esquerda cuja preocupação não seja meramente o crescimento, mas o desenvolvimento, que não se centre na Europa, mas no país, que não procure gastar mais, mas melhor, que não esteja sistematicamente a atacar os direitos de quem trabalha, mas a defendê-los, que não se esqueça das mordomias de certos políticos, mas que acabe com elas, creio que existem condições para justificar bem este pessimismo.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Continuidade

O código de trabalho elaborado pelo governo do PSD e do CDS-PP e que tanto mal faz a quem trabalha, transformando-os em descartáveis nas mãos de um patronato feroz e sem escrúpulos, não vai ser revogado pelo possível governo de Sócrates.

"Não devemos deitar fora tudo aquilo que foi feito apenas por objecções ideológicas. O que vamos fazer é melhorar o pacote laboral com base nas propostas que o PS apresentou", afirmou.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Credibilidade

Sócrates abre o rol: 150000 novos empregos.

Será que o presidente do PS se esqueceu que é mais fácil destruir que construir?

Custa-me a crer que tenha lançado esta promessa só por lançar. Aliás com as sondagens existentes, não precisa de recorrer à mentira.

Mas, sinceramente, duvido muito...

Vendam o ouro
... e despeçam os funcionários públicos: estas as propostas de Cadilhe.

Felizmente está em rota de colisão com qualquer dos partidos candidatos à vitória nas próximas legislativas.

Qualquer das medidas propostas é solução ilusória.

Vender ouro é o que se tem feito na forma de edifícios, fundos de pensões, etc. É venda de anéis que um dia nem terão dedos para os sustentar.

Tocar nos funcionários públicos sem uma profunda reforma da Administração Pública, que deve ser cuidadosamente planeada e executada, só levará a mais despesas.

Assim, não acredito muito nas virtudes do aumento de receita ou da diminuição da despesa para diminuir o défice.

A minha proposta é aumentem o PIB. Isto é, aumentem o diminuidor daquela fracção onde estão as receitas e despesas na parte de cima, mas onde está o PIB em baixo, porque o défice de que estamos a falar mede-se em percentagem.

E como aumentar o PIB? Simplesmente, integrando o que respeita à economia informal: ligeira baixa no IRC e multas pesadíssimas na não facturação ou na falsa facturação.

Desterrados

Eis uma questão a que sou particularmente sensível.

Excesso de regulamentação e centralismo, excesso de recursos gerados sem qualquer planeamento, incapacidade de reforma do modo de funcionamento foram as causas fundamentais para uma profunda crise profissional onde qualquer modificação levará sempre a que alguém seja prejudicado e tenha razões de queixa se não houver medidas externas.

Estou convencido que essas medidas externas poderiam relacionar-se com as imensas críticas à qualidade do ensino no secundário. Se ele é tão mau como se apregoa, há com certeza mercado para ensino de excelência.

Então...
... então, as autarquias poderiam disponibilizar instalações para grupos de desterrados que não o conseguiram ser organizarem ofertas de serviços de ensino com capacidade de autofinanciamento e disponibilizadas em condições de excelência.

Vivemos na sociedade capitalista, há que aproveitar e incentivar a liberdade de estabelecimento.

domingo, janeiro 09, 2005

Jardim da estupidez
Desta vez, a afirmação é que a baixa produtividade do país tem a ver com o facto de os trabalhadores do continente não trabalharem.
É admirável como um partido responsável como o PSD admite no seu seio uma besta destas que progressivamente cava um fosso cada vez mais profundo entre portugueses mercê de afirmações desprovidas de qualquer sentido de rigor.
Este indivíduo é um demagogo porco, estúpido e perigoso.
Nomeações terminadas, podem começar com as promessas

Os sistemas fechados são assim. Impedem que os interesses gerais da população se possam exprimir. Perseguem os que têm veleidades individuais e procuram distinguir-se. Servem para proteger castas e monopólios. Recusam a competição.

O sistema eleitoral português é exactamente isso. Os independentes não podem concorrer. Cerca de oito milhões de portugueses não têm o direito de se candidatarem e de serem eleitos. O nome, a experiência e a responsabilidade dos candidatos são absolutamente indiferentes, apenas interessam a lista colectiva e o chefe do partido.

As bases dos partidos não escolhem nada, nem ninguém, sendo os futuros deputados seleccionados pelos chefes, seus acólitos e alguns senhores do aparelho. O eleitorado não escolhe entre candidatos, escolhe um partido. Os nomeados e os eleitos podem ser substituídos em qualquer altura, naquela que é uma das maiores perversões do sistema político português.
(extracto da crónica de Barreto de hoje no Público)

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