sexta-feira, março 10, 2006

Já não há estórias no OUREM

Era inevitável.
O baú chegou ao fim. Tenho de o reconhecer com tristeza, sentindo o blog a fugir-me para o túmulo.
Por mais voltas que dê, não consigo engendrar algo que lhe dê sustentabilidade daqui a algumas semanas.
Confesso, a política oureense não me agrada muito. Em tudo me sinto marginal. O defeito é meu pela certa, é uma questão de vocação, em Ourém parece que nada acontece, que é tudo velho, não estou para me repetir...
Reproduzi artigos de outros tempos.
Acompanhei algumas campanhas, mas agora vamos ter três anos de ressaca.
Escrevi o que me lembra Ourém em termos de temas ligados a canções, BD e pessoas da minha geração...
Que mais posso fazer do que deixar-vos esta lamentação?
Bom, dizem-me aqui ao lado que o título desta crónica faz lembrar uma canção do Rui Ventoso, "ao menos deixa a letra, pode ser que uma estrelinha te ilumine". Aqui fica...


Não Há Estrelas No Céu
Rui Veloso
Composição: Carlos Tê / Rui Veloso

Não há estrelas no céu a dourar o meu caminho,
Por mais amigos que tenha sinto-me sempre sozinho.

De que vale ter a chave de casa para entrar,
Ter uma nota no bolso pr'a cigarros e bilhar?

Refrão:
A primavera da vida é bonita de viver,
Tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover.
Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar,
Parece que o mundo inteiro se uniu pr'a me tramar!

Passo horas no café, sem saber para onde ir,
Tudo à volta é tão feio, só me apetece fugir.
Vejo-me à noite ao espelho, o corpo sempre a mudar,
De manhã ouço o conselho que o velho tem pr'a me dar.

Refrão

Hu-hu-hu-hu-hu, hu-hu-hu-hu-hu.

Vou por aí às escondidas, a espreitar às janelas,
Perdido nas avenidas e achado nas vielas.
Mãe, o meu primeiro amor foi um trapézio sem rede,
Sai da frente por favor, estou entre a espada e a parede.

Não vês como isto é duro, ser jovem não é um posto,
Ter de encarar o futuro com borbulhas no rosto.
Porque é que tudo é incerto, não pode ser sempre assim,
Se não fosse o Rock and Roll, o que seria de mim?

[Refrão]

Não há-á-á estrelas no céu...

quinta-feira, março 09, 2006

Os Searchers



Os Searchers também eram de Liverpool.
Originalmente formados por Mike Pender, John McNally, Tony Jackson, desaparecido em 2003, e Chris Curtis, trouxeram-nos algumas das canções mais engraçadas da década de 60. O meu primeiro contacto com eles foi com um EP em que a principal canção era "Sweets for my Sweet" que teve assinalável êxito. As outras, coitadinhas, já não resistem a muitas audições, não obstante "Farmer John" ter uma certa graça.
Apesar de tudo, o som de muitos grupos portugueses da época inspirava-se neles e daí tudo neste conjunto nos parecer familiar.
Ainda mexem, apesar da morte de um deles, como os meus amigos podem constatar se os procurarem na NET.
Ontem, deixei-vos com algumas das melhores canções deles.
Hoje, brindo-vos com a letra daquela que nos tem acompanhado esta semana: "All my sorrows" que, curiosamente, conheço há muito pouco tempo.

Now there's just one thing that money can't buy
True love that will never die
All my sorrows soon forgotten

Carefree lovers down country lanes
Don't know my grief, can't feel my pain
All my sorrows soon forgotten

But it's too late, my love
Too late, but never mind
All my sorrows soon forgotten

Now there's one more thing that troubles my mind
My love has gone, left me behind
All my sorrows soon forgotten

But it's too late, my love
Too late, but never mind
All my sorrows soon forgotten

Aqui fica um apontador para estes nossos amigos...
Dúvida

Hoje, a minha chegada foi especial.
Estive rodeado pela guarda de honra, pela polícia e pelas TVs.
Que festa haverá ali para baixo?
Terá algo de bom para o nosso povo?
Liverpool

Uma cidade sublime
De lá vieram os Searchers,
os Beatles
...
e esta fabulosa vitória do Glorioso

quarta-feira, março 08, 2006

Especial Skywatcher

Em pequeno, ensinaram-me a rezar todos os dias ao Anjo da Guarda. Não fui muito obediente, por vezes esquecia-me, a partir de determinada altura o abandono foi total, mas a verdade é que tudo me correu bem como se tivesse tido sempre divina protecção.
Pouco depois de ter iniciado este blog, apareceu-me o Vigilante dos Céus. Há que preservar os activos que este espaço me trouxe. Por isso, especialmente para o Skywatcher aqui ficam apontadores para fabulosas músicas dos Searchers (o som garantidamente original depois de devidamente ripado) que coloquei propositadamente no nosso servidor musical da Putfile:


E não só. Lá para baixo, o Skywatcher manifestou o seu gosto pela canção "Don't throw your love away". Para poder acompanhar os Searchers, quando a ouvir no nosso servidor, aqui fica a letra. Força, Skywatcher...

Don't throw your love away, no, no, no, no
Don't throw your love away
For you might need it someday

Don't throw your dreams away, no, no, no, no
Keep them another day
For you might need them someday

Lovers of today just throw their dreams away
And play at love
They give their love away
To anyone who'll say "I love you"

Don't throw your love away, no, no, no, no
Don't throw your love away
For you might need it someday

Lovers of today just throw their dreams away
And play at love
They give their love away
To anyone who'll say "I love you"

Go out and have your fun
You better have your fun with anyone
But don't throw your love away

Don't throw your love away, no, no, no, no
Don't throw your love away
For you might need it someday

Don't throw your love away, no, no, no, no
Don't throw your love away, yeah

E digam lá que não vale a pena visitar o Ourem...

terça-feira, março 07, 2006

Esquecimento

Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.

Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei… tateio sombras… que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!

Descem em mim poentes de Novembro…
A sombra dos meus olhos, a escurecer…
Veste de roxo e negro os crisântemos…

E desse que era eu meu já me não lembro…
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos…!

Florbela Espanca - Charneca em Flor

O prospector do ouro

Para lá do cine-teatro, onde o Melo (o Fio de Azeite...) nos trazia as últimas novidades, o nosso contacto com o cinema materializava-se na noite de cinema da RTP e num delicioso programa de televisão denominado “Museu do Cinema”.

Será que os meus amigos ainda recordam o Vitor Guerra numa célebre imitação desse assumido adorador do Estado Novo:

- Então, mestre António Melo, diga lá boa-noite aos telespectadores portugueses.

E o mestre, muito acabrunhado, todo enfiado, não sabendo onde havia de se meter (como eu o compreendo de tão parecido que sou!) pronunciava:

- Boa noite...

E assim conhecemos muito do cinema mudo que, à época, já era património de acumulação bem passada.

Daí trago-vos uma recordação... (lembram-se?: Searchers) ... e como não vou passar o In serach of lost chord ou In search of lost Gods, trago-vos algo sobre a pesquisa de ouro, mais propriamente a “Quimera de Ouro”.

“A Quimera do Ouro” narra as aventuras de um vagabundo prospector de ouro (interpretado por Chaplin ) no Alasca que se apaixona pela bela Georgia ( Georgia Hale ), tentando conquistá-la com o seu charme. O seu
único amigo é o descomunal Big Jim McKay ( Mack Swain ), mas a relação entre ambos varia entre a mais simples alegria e as tendências homicidas, particularmente quando, num delírio causado pela fome, Big Jim alucina e julga que Chaplin se transformou numa galinha. Esta é uma das várias cenas antológicas do filme, que atravessaram gerações até aos mais novos. Outra das mais inesquecíveis sequências do filme acontece quando Chaplin, esfomeado, transforma as suas bota e atacador num almejado bife e esparguete, encetando uma refeição surreal. Mas talvez a mais popular de todas as cenas seja a “dança dos pãezinhos”, de tal forma que em algumas exibições da época os projeccionistas paravam a fita e repetiam a cena para gáudio dos espectadores.
Apesar da tristeza adjacente às sequências que se relacionam com a fome, o filme acaba bem: Chaplin encontra ouro, torna-se milionário e, no regresso à Califórnia, fica com Georgia. O papel de Georgia (a apaixonada do vagabundo) foi originalmente escrito para Lita Grey - mulher de Chaplin na altura, mas, devido à sua gravidez, acabou substituída por Georgia Hale.

In http://www.edusurfa.pt/area.asp?seccao=1&area=5&artigoid=9597

Eis algumas imagens inesquecíveis:







segunda-feira, março 06, 2006

Verdade

Os solitários castelos de areia
não fazem barulho ao ruir.
No entanto,
é tão sibilante o som
que invade (sem licença) esta voz
que os versos,
que se queriam luminosos,
tenebrosamente se consolidam
em chuva.
Disfarçar o silêncio
com cantos tristes e compassados
não ajuda:
A máscara não assenta bem
nos rostos desiludidos.
Há um qualquer pormenor
que denuncia o engodo.

Carmen Zita Ferreira

domingo, março 05, 2006

A todos e a cada um dos meus amigos

Por um por todos por nenhum
faço o meu canto canto a minha mágoa
num desencanto aberto pelo gume
deste pranto tão limpo como a água.

Por nenhum por todos ou por um
eu dou o meu poema o meu tecido
de palavras gravadas com o lume
do medo que na voz trago vencido.

Por nenhum por um mesmo por todos
sou a bala e o vinho sou o mesmo
que pisa as uvas os versos e o lodo
num chão onde a coragem nasce a esmo.

Joaquim Pessoa
in Poemas de Perfil
Mágoa



Ah quanta melancolia!
Quanta, quanta solidão!
Aquela alma, que vazia,
Que sinto inútil e fria
Dentro do meu coração!
Que angústia desesperada!
Que mágoa que sabe a fim!
Se a nau foi abandonada,
E o cego caiu na estrada -
Deixai-os, que é tudo assim.

Sem sossego, sem sossego,
Nenhum momento de meu
Onde for que a alma emprego -
Na estrada morreu o cego
A nau desapareceu.

Fernando Pessoa, 3-9-1924.
All my sorrows

Curiosamente, na sexta-feira, 4 de Maio de 2005 (e estou a preparar este post na sexta-feira, 3 de Março de 2006, já que, como calcularão, tudo tem de estar pronto no dia em que...) , eu escrevia aqui:

Memórias do vinil (10)

Fui daqui com aquela ideia de ir ao baú e procurar os discos dos Searchers.
Tive sorte e passei quase uma hora a olhar lá para trás. Afinal eles tinham algumas pérolas: "don't throw your love away", "good bye, my love"...
A certa altura, ouvi aquilo...
Ena, pá! O som era mesmo aquele. Aqueles sons das violas. Aqueles graves...
Como é possível que tudo tenha mudado tanto e os nossos ouvidos se tenham adaptado de tal modo que o esquecemos?
Amigos oureenses, antes de irem para o OCP ou ouvir o Helder façam isto: procurem os Searchers entre as velharias. Procurem uma maravilha chamada "All my sorrows" e deliciem-se...

A verdade é que encontrei mesmo essa maravilha dos Searchers. Algo que nos fala em mágoas, tristezas...
E eu sinto uma cada vez maior mágoa por ver o OUREM morrer de dia para dia já que a inspiração me falha.
Já estão a ver: semana deprimente, dedicada às mágoas, à tristeza e também à procura, por exemplo, à pesquisa da verdade.

Oiça All My sorrows
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