Passados dois dias, o jornal “South China Morning Post” trazia uma notícia, «Desmantelada célula de conspiração contra a Revolução», sobre o que se tinha passado em Hong-Kong acompanhado da foto de duas ocidentais.
Em Macau, um individuo que parecia passear com a esposa, viu a capa do jornal e adquiriu-o imediatamente.
«Mas o que é isto? Não está de acordo com o combinado. Tenho de ir a Hong Kong».
Em Macau, um individuo que parecia passear com a esposa, viu a capa do jornal e adquiriu-o imediatamente.
«Mas o que é isto? Não está de acordo com o combinado. Tenho de ir a Hong Kong».
***
No terceiro dia da sua prisão em Hong Kong, as duas irmãs estavam completamente desesperadas.
- O que vai ser de nós? Ninguém sabe que aqui estamos presas…
E continuaram a chorar toda a manhã olhadas pelas outras mulheres com um certo desdém. Entretanto, a prisão estava cada vez mais cheia de pessoas que parecia conhecerem-se umas às outras. Dir-se-ia que a prisão delas tinha levado à prisão de muitas outras pessoas.
- É estranho. Parece que a nossa chegada desencadeou tudo isto.
Nunca mais tinham falado com o indivíduo que as tinha esperado no cais, mas um dia viram-no passar bastante maltratado depois de ter estado a ser interrogado.
- São horríveis estes regimes – dizia a Ciete.
- Lembra-te que ele nos disse que havia uma conspiração contra o sistema. É uma luta de morte e estes indivíduos não são nada meigos.
- Nada justifica que as pessoas tratem assim o seu semelhante. E para quê? No fundo, o povo vive miseravelmente, o que há é igualdade na miséria. É tudo muito semelhante ao que um dia designaram por «Modo de produção asiático»: tudo escravo, tudo na miséria e uma casta cheia de direitos e riqueza a mexer os cordelinhos.
- Ena. Leste muito sobre isto…
A porta da cela abriu-se e um guarda fez-lhes sinal para o seguirem. Entretanto, na rua, parecia ouvir-se gritos de pessoas a clamarem…
Foram de novo levadas à presença do responsável pelo local de detenção que as recebeu com um sorriso amarelo. A seu lado estava o intérprete que fez a tradução das suas primeiras palavras:
- As nossas desculpas pelo mal-entendido em que estiveram metidas. Só agora percebemos que foram uma peça importante para deter elementos que conspiravam contra o sistema.
- Como? – perguntou a Céu sem perceber nada.
- Mais uma vez, aceitem as desculpas em nome do Governo da República Popular da China. Devíamos libertá-las imediatamente, mas não podemos: há uma manifestação contra os rebeldes e, se saírem agora em liberdade, podem confundi-las com eles uma vez que a imprensa publicou as vossas fotos. Têm de esperar que a situação acalme. Mas vamos mudá-las de instalações e dar-vos outro tratamento até poderem sair.
- Isso é que é falar – disse a Ciete – Mas a quem se deve esta mudança?
- Àquele… - disse o intérprete apontando para a porta que se abria.
Nesse momento apareceu perante elas, sorridente, a imagem do cavalheiro que as tinha conduzido àquela situação em Macau.
- Ohhhh!!!!! – exclamou a Ciete, caindo no chão sem consciência.