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terça-feira, janeiro 31, 2006

Prisioneiros dos Quadradinhos

Noutros tempos também terei sido prisioneiro do Cavaleiro Andante. Religiosamente, aos sábados, ele chegava a Ourém e eu tinha no Central um número reservado em nome de um tio que teve a bondade de mo oferecer.
Apesar de tudo não tinha muita simpatia por esta BD, preferia as estórias do Mundo de Aventuras, mais populares, mais vivas, mais cheias de acção... o Cavaleiro Andante parecia-me uma revista para meninos bem comportados. Ao contrário do que se pode julgar, consegui conservar aquele e do MA já sabem o sórdido destino que lhe foi reservado.
Encontrei algumas séries relativas a prisioneiros famosos no Cavaleiro Andante.

A primeira tem a ver com o Prisioneiro da Máscara de Ferro. Quem seria essa famosa personagem que Dumas nos trouxe em romance, mas relativamente à qual existem outras hipóteses?

1) Era o irmão gêmeo do Rei, tendo sido excluso, pelo cardeal Richelieu, para poder preservar a integridade do governo da França; o motivo da colocação de uma mascara, foi o de proteger a sua verdadeira identidade, evitando que os cidadãos percebessem a grande semelhança com o Rei.

2) Outra versão dos fatos afirmava que Ana, da Áustria, mãe de Luis XIV, tinha casado de forma secreta, com Mazarine, seu ministro, tendo, como resultado da união, um filho, um irmão consangüíneo de Luis XIV.

3) Também, uma colocação muito divulgada sobre a lenda do Mascara de Ferro , era de que seria o duque de Mommouth, um pretendente ao trono da Inglaterra.

4) Diziam outros, por sua vez, que o desafortunado prisioneiro era, nada mais nada menos, do que o ex-ministro da Finanças, Fouquet, que fora destituído e preso.

5) Uma das versões fantásticas e até preferida era de que o intrigante prisioneiro seria o filho natural do Rei, com uma das suas amantes (Lavaltiere, Montespan ou Maintenon).

O Máscara de Ferro apareceu no CA número 11 e depois numa segunda fase no 451 onde a capa dá uma ideia da estória. Finalmente, foi publicado numa revista subsidiária do Cavaleiro Andante: a colecção Obras-Primas Ilustradas (no número 14)...

O Prisioneiro de Zenda, obra de Anthony Hope, foi outro título famoso que o Cavaleiro Andante nos trouxe (em número que não consegui localizar, desculpem...) e de que encontrei publicação nessa mesma colecção. Aqui, o argumento explora inesperadas parecenças:

Durante uma viagem de férias a um reino europeu, um inglês descobre, para seu espanto, que é um sósia perfeito do rei do lugar. Quando o rei verdadeiro é impedido de coroar, o forasteiro é forçado a se passar por ele e assumir a coroa temporariamente. Porém uma reviravolta ocorre quando ele se apaixona pela nova rainha e o rei verdadeiro é sequestrado pelo seu meio-irmão. A partir daí, a vida do rei (o prisioneiro de Zenda) e o futuro dos súditos está em suas mãos. Poderá ele resgatar o verdadeiro rei e ainda continuar vivo?

E eu penso que é legítima uma questão sobre a BD: será que ao nos divulgar estas obras de uma forma mais leve, colorida, ela está a estimular o gosto pela leitura? Ela traz-nos algum conhecimento, mas confesso nunca ter tido grande curiosidade pela leitura dos textos originais.

Outros prisioneiro famosos do CA terão sido os Irmãos Dalton, quatro seres cuja altura era proporcional à estupidez que nos surgiram na série Lucky Luke pela mão de Gosciny e Morris.




O CA trouxe-nos ainda muitas vezes a imagem da colonização americana: o avanço por terras sob os olhos dos seus tradicionais detentores que estes não poderiam aceitar de bom grado.

A epopeia foi-nos servida de uma forma gloriosa, por vezes salteada com laivos de terror associado àquelas torturas que os selvagens infligiam quando lhes caiam nas mãos: na verdade, ser trespassado por uma seta, ou ficar sem escalpe seria o melhor destino para os que sentissem o peso da derrota...

quinta-feira, agosto 25, 2005

Para descontrair...


Ora vejam lá o atrevimento Posted by Picasa

Hoje é quinta-feira, dia do Mundo de Aventuras. Esta preciosidade foi publicada no núumero 197 de 21/5/1953. Vejam como já se adivinhava a necessidade de um assessor para a sesta do presidente...

quinta-feira, julho 21, 2005

Uma pausa

É quinta-feira. Dia do Mundo de Aventuras. Apetece-me fazer uma pausa, voltar ao Central e deleitar-me com algumas aventuras da juventude. Escolheria obviamente o Cisco. Razões?
- tinha sempre meninas bonitas algumas das quais com pelo na venta;
- em vários pontos das histórias encontravam-se mais ou menos explicitamente críticas às convenções sociais;
- o final, ao contrário do que sugere a acção do governo do Eng. Sócrates, era invariavelmente feliz.
Fico por aqui, tenho que preparar um teste para sábado. Hoje, ainda divulgarei uma nota da CDU. Apareçam...

quinta-feira, junho 02, 2005

A escrava cristã

Quinta-feira.
Dia de mercado em Ourém.
Há uns cinquenta anos, na casa do Largo de Castela, eu e a minha mãe preparamo-nos para a habitual visita à feira.
A gatinha branca e preta dorme sobre uma almofada no recanto da escada.
Há pouco, o Armindo passou por aqui de bicicleta para trocarmos cromos da bola. De uma assentada, obtive o Vasques, o Rogério e o Carlos Gomes.
Finalmente, saímos de casa, mas ainda tivemos tempo para uma visita à vizinha que prepara a mudança para o bairro dos pobres.
Descemos à Avenida, passámos ao chafariz frente ao Sabino, chegámos à praça dos carros. Frente ao Central, a bicha para comprar o Mundo de Aventuras, atingia quase a loja do Povo. Lá estavam o Abel, o Rui Costa, o Pintassilgo nos seus catorze, quinze anitos.
A nossa primeira visita é ao mercado da fruta. Depois, descemos, frente à igreja para o mercado do peixe. Lembro-me de um conjunto de bancadas em pedra, mais ou menos ao ar livre que depois foi substituído pelo mercado já descontinuado. Sabia que ia ser dia bom com carapau grelhado e tangerinas...
Alguém apregoa um folheto com os versos do Dr. Preto. Ora bolas! Não haverá ninguém em Ourém que me empreste por uns dias uma preciosidade destas? Mas naquele tempo não lhes ligava muito. Eu estava com o sentido naquilo que o meu irmão compraria no Central.
E de repente, uma voz anuncia bem alto:
- Olha a história da escrava cristã! Comprem levem para vossas casas uma história que vai derreter os vossos corações...
Contemplei embevecido aquele livrinho. Tão bonito. Tão fino, se calhar tinha ilustrações, se calhar era de continuação. Mais tarde, vim a descobri-lo neste espólio...

quarta-feira, abril 27, 2005

Führer



Não é demais relembrar que Luís Louro estará na sexta-feira na Som da Tinta pelas 17 horas.
Aqui está uma capa por ele desenhada na minha revista de eleição, o fabuloso Mundo de Aventuras, em 1-8-1985, de que na altura era director António Verde e coordenador Jorge Magalhães.
Eis o conteúdo deste número:
[-] Führer
Arte: Louro, Luis
Texto: Simões, Tózé
[Ric Hochet] Festa de Detectives
Arte: Tibet (Gilbert Gascard)
Texto: Duchateau, André-Paul
[* separata *] Passatempo Batalha Espacial
[-] Veneno da Cólera
Arte: Franz
Texto: Duval, Yves
[* destacável *] Clássicos da BD - IV série (36/59)
[Tarzan] - (36/57)

quarta-feira, agosto 18, 2004

Mais uma vez: há 55 anos…

Há 55 anos, surgiu essa revista magnífica denominada Mundo de Aventuras.
Muitos distintos oureenses terão passado algum tempo à sua espera todas as quinta-feiras, para conhecerem os seus heróis e aventuras. Para mim e para eles, Pacheco diria "criados pelo Mundo de Aventuras".
Pode dizer-se que a revista teve duas séries separadas por um período de curtas semanas. Qualquer das séries passou por várias fases. A série que mais me acompanhou foi a primeira pelo que, neste post, me refiro exlusivamente a ela.
A primeira fase da primeira série aconteceu entre 18-08-1949 e 15-06-1950 e permitiu a publicação dos números 1 a 44.
As dimensões eram enormes para uma revista desta natureza: 280*400. Nesse período teve dois directores: Mário de Aguiar e José de Oliveira Cosme.
Neste primeiro número, apareceram histórias de heróis como Luis Ciclone, Rip Kirby, Roldan (Flash Gordon), Johnny Hazard, Brick Bradford, desenhadas respectivamente por Milton Cannif, Alex Raymond, Mac Raboy , Frank Robbins e Clarence Gray.
A segunda fase estendeu-se por, aproximadamente 8 anos, entre os números 45 e 462. A minha leitura dos números desta fase não foi contemporânea da saída dos mesmos. Conheci-os através da colecção do meu irmão que contribuí para destruir alguns anos depois. É por isso a fase que me deixou mais saudade e que eu considero com as melhores histórias. Há capas e autores de textos que eu considero de antologia. Algumas das capas reproduzo-as à frente. Entre autores de texto não posso deixar de citar Roussada Pinto, um homem que era capaz de escrever um livro por noite e que se disfarçou sob múltiplos pseudónimos que, decerto, distintos oureenses recordarão: por exemplo, Edgar Caygill e Ross Pynn. Lembro a propósito que, em Ourém, foram muito famosos livros da sua autoria publicados na colecção Rififi e tinham títulos como "O caso da mulher nua", "O caso da mulher sádica", etc. Esta capacidade de trabalho de Roussada Pinto permitia-lhe também fazer alguns atentados: um deles é o facto de, muitas vezes, para os desenhos caberem numa página e a revista ter um número de páginas certo, proceder a autênticos cortes na obra, trucidando partes do desenho.
Aqui fica um breve roteiro pelas capas, tentando explicitar a diversidade de heróis e temas, onde se incluem os relativos à nossa história e lendas.

Mal conheci a terceira fase da primeira série que ocupou os números 463 a 511. Mas há lá uma belíssima capa que não pode ser deixada em claro. Já imaginaram a sensação de estar ali com aquele borrachinho a vigiar a passagem dos facínoras? Trata-se, na minha perspectiva, de uma fase de transição para um longo período de agonia.

A quarta fase é marcada por uma decisão incompreensível: publicação exclusivamente de histórias de cow-boys. É nela que se iniciou o meu acompanhamento semanal que durou vários anos. O primeiro número que comprei com a decisão de continuar foi o relativo à história do bandoleiro Jess James. Há algumas histórias engraçadas mas nada da magia da segunda fase.

O Mundo de Aventuras originou algumas revistas irmãs, embora com formatos diferentes. Recordo o Condor popular e a Colecção Águia. Recordo o Policial, o Espaço e as Selecções em momento de fixação nas cowboiadas. Mas este post já vem excessivamente longo.

quarta-feira, julho 07, 2004

Pratt

Enquanto Sampaio toma difícil decisão (se votei nele, era porque confiava na sua acção), deixo-os com a magnífica arte de Hugo Pratt.
Lembram-se? Sargent Kirk apareceu lá para 1960 no Mundo de Aventuras (mais rigorosamente, em 28-12-1961 no número 640).
E não teve contemplações com os que faziam aquelas barbaridades aos legítimos detentores...

terça-feira, abril 13, 2004

Distintos Oureenses
Conheceram-me pouco depois de ter aparecido neste mundo. Jogámos à bola no magnífico Largo de Castela e na feira do mês. Disputámos corridas bem cronometradas no interior do belíssimo jardim junto da Câmara, já desaparecido. Esfolaram-me e foram esfolados ao King no Avenida e no Parque da vila. Enfrentaram-me ao bilhar no Central e no Grémio do Comércio. Tal como eu, esperaram pelo Mundo de Aventuras e pelo Condor Popular e, se eram bem comportados, chegaram a ler o Cavaleiro Andante. Tiveram o privilégio de ouvir os Animals, os Beatles, os Stones, os Bee Gees e os Moody Blues exactamente no momento em que as suas músicas surgiram. Acompanharam-me para quebrar a solidão nas noites de Ourém onde o maior ruído era o que provinha dos Mééé de inocentes carneirinhos ali para os lados da casa do sr. Lúcio.
Um deles, mesmo sem alguma vez conversarmos, teve influência decisiva na formação do meu pensamento. Elaborou cadernos de Política Económica Economia Política. Escreveu O que é o Mercado Comum que li com sofreguidão. O mesmo interesse manteve-se em O que é o Comecom. Colaborou no Notícias da Amadora com o Carvalhas, o Blasco, o Eugénio, quando escrever era um exercício de risco e aquele jornal formava com o Comércio do Funchal e o Jornal do Centro um bloco fortíssimo na ataque à ditadura e suas manifestações.
São estes os distintos oureenses. Distintos porque, por qualquer acção, ultrapassarm o limiar da indiferença na minha perspectiva. É deles que, muitas vezes, falo, é para eles que, muitas vezes, escrevo. É isso o que acontecerá em próximos posts.
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