Um dia, a rapaziada decidiu ir tomar banho para o rio. No Avenida, a Luzinha e as outras meninas assistiram aos preparativos de qualquer coisa embora não conseguissem perceber o quê.
- O que é que eles andam a preparar? Isto é muito esquisito. Não levam gira-discos e, há mais de uma semana que não vamos aos Castelos…
A verdade é que elas não conseguiram saber de nada, os rapazes pareciam múmias e a Luzinha resolveu segui-los... tinha uma bicicleta, o importante era não os perder de vista.
Saíram de Ourém e ali, na Corredoura, viraram à esquerda, aproximando-se da ponte.
Sabe-se agora que faziam muitas vezes aquele percurso, depois saiam da estrada e subiam ou desciam ao longo do rio conforme lhes desse.
No rio, uma miúda tentava apanhar peixe com um cesto, mexendo-se desalmadamente de um lado para o outro.
- É a fulaninha dos Castelos. Anda quase sempre ali, depois vai vender o peixe para o mercado. Não fala a ninguém, é uma importante...
Continuaram na direção da Melroeira, sem saberem que a Luzinha os seguia. A certa altura, pararam e ela escondeu-se atrás de uma árvore para os ver. Viu-os despir-se e, quando se atiraram à água, o seu rosto tinha um sorriso malicioso.
“Nem sabem o que os espera”.
Enquanto se divertiam na água, ela aproximou-se sorrateiramente das roupas e fugiu com elas na direção de Ourém transportando-as na bicicleta.
Pelo caminho, ainda recordava o cheiro que muitas daquelas roupas exalavam.
”Rapaz de Ourém cheira a cavalo ou a cabresto...” – pensava.
Imaginam os meus amigos como os miúdos oureenses se sentiram quando viram que lhes tinham roubado as roupas e se aperceberam que tinham de regressar em pelo até casa. Voltaram à ponte, daí passaram para o outro lado e caminharam tentando esconder-se entre as árvores.
Duma janela, a tia Alice chegou a dizer:
- Oh! O rapaz vai nu...
Ninguém lhe ligou, pensaram que era um caso de senilidade, mas a verdade é que a travessia do largo da igreja e o regresso a casa daqueles meninos, perante o espanto dos frequentadores do Central e dos que atravessavam a avenida, foi nas condições descritas. Mais descansados ficaram quando, à porta de casa, depararam com as suas roupas cuidadosamente dobradas.
A partir de então, aquela ponte por onde passaram ficou conhecida como “A ponte dos desnudados”, mas, até à data, nunca ninguém soube quem tinha levado a roupa dos miúdos…
- O que é que eles andam a preparar? Isto é muito esquisito. Não levam gira-discos e, há mais de uma semana que não vamos aos Castelos…
A verdade é que elas não conseguiram saber de nada, os rapazes pareciam múmias e a Luzinha resolveu segui-los... tinha uma bicicleta, o importante era não os perder de vista.
Saíram de Ourém e ali, na Corredoura, viraram à esquerda, aproximando-se da ponte.
Sabe-se agora que faziam muitas vezes aquele percurso, depois saiam da estrada e subiam ou desciam ao longo do rio conforme lhes desse.
No rio, uma miúda tentava apanhar peixe com um cesto, mexendo-se desalmadamente de um lado para o outro.
- É a fulaninha dos Castelos. Anda quase sempre ali, depois vai vender o peixe para o mercado. Não fala a ninguém, é uma importante...
Continuaram na direção da Melroeira, sem saberem que a Luzinha os seguia. A certa altura, pararam e ela escondeu-se atrás de uma árvore para os ver. Viu-os despir-se e, quando se atiraram à água, o seu rosto tinha um sorriso malicioso.
“Nem sabem o que os espera”.
Enquanto se divertiam na água, ela aproximou-se sorrateiramente das roupas e fugiu com elas na direção de Ourém transportando-as na bicicleta.
Pelo caminho, ainda recordava o cheiro que muitas daquelas roupas exalavam.
”Rapaz de Ourém cheira a cavalo ou a cabresto...” – pensava.
Imaginam os meus amigos como os miúdos oureenses se sentiram quando viram que lhes tinham roubado as roupas e se aperceberam que tinham de regressar em pelo até casa. Voltaram à ponte, daí passaram para o outro lado e caminharam tentando esconder-se entre as árvores.
Duma janela, a tia Alice chegou a dizer:
- Oh! O rapaz vai nu...
Ninguém lhe ligou, pensaram que era um caso de senilidade, mas a verdade é que a travessia do largo da igreja e o regresso a casa daqueles meninos, perante o espanto dos frequentadores do Central e dos que atravessavam a avenida, foi nas condições descritas. Mais descansados ficaram quando, à porta de casa, depararam com as suas roupas cuidadosamente dobradas.
A partir de então, aquela ponte por onde passaram ficou conhecida como “A ponte dos desnudados”, mas, até à data, nunca ninguém soube quem tinha levado a roupa dos miúdos…