Com um ar sisudo e aperaltado, o magarefe deambulava pelo parque
de estacionamento. Parecia estar apressado tal a velocidade que os seus passos
evidenciavam para um homem de oitenta anos.
- Vai apressado.
Decerto se esqueceu de algum capítulo da História cá do concelho.
- Mas tem um ar
aristocrático. Vê como vai bem vestido… e tu és um baldas de primeira.
- Parece que a mulher
nunca o acompanha, que prefere ficar sozinha em casa…
- Sozinha em casa?
Estilo Lindsay Lohan, não?
- Sim, bela e atrevida
como ela...
- Mas ele rebaixou-te.
Naquele dia, disse que tu eras um romancista, que tinhas muito jeito para
escreveres romances… deixa-te de desvios cinematográficos.
- O homem leu mal. Eu
sou um grande economista. Não estou ao nível do Constâncio ou do Carlos Costa,
mas podia perfeitamente desempenhar o cargo que eles desempenharam, tão bem ou
melhor que eles. E o Centeno, o nosso Ronaldo das Finanças Pùblicas? Eu faria
muito melhor… Só que gosto de me distrair com estas balelas a gozar com ele e
outros magarefes iguais… preferi isso às horrorosas preocupações dos homens das
finanças.
- É por seres tão
amigo da distração que ela o preferiu a ele…
- Pensas tu… Eh! Eh!
Ainda a vais ver correr para os meus braços.
O homem levava mesmo
pressa naquela segunda-feira já passava das nove da noite. Entrou pelo
Continente como se procurasse algo. E foi então que eu a vi lá ao fundo… e ela
não correu para os meus braços!