sábado, março 15, 2008

Pré-diagnóstico social em Ourém?

Ourém, em 2001, apresentava-se como um Concelho próspero e de forte dinâmica, esta circunstância era traduzida pela sua posição cimeira relativamente à média do país em 51% dos 35 indicadores analisados e da esmagadora maioria comparativamente à média da Sub-Região Médio Tejo (77% dos indicadores). Salienta-se também que nos indicadores em que Ourém apresenta posições inferiores à média nacional, o diferencial existente é no geral sempre substancialmente mais pequeno do que comparativamente com o diferencial existente entre a média da Sub-Região Médio Tejo e a Média Nacional.

É com estas palavras que se inicia a redacção da secção de Conclusões do relatório “Pré-Diagnóstico Social” relativo ao concelho de Ourém.
A verdade é que tal perspectiva parece-nos excessivamente cor de rosa para caracterizar a situação no concelho e particularmente grave quando integrada num documento com as finalidades de apoiar objectivos como

1 - Combater a pobreza e a exclusão social e promover a inclusão e coesão sociais;
2 - Promover o desenvolvimento social integrado;
3 - Promover um planeamento integrado e sistemático, potenciando sinergias, competências e recursos;
4 - Contribuir para a concretização, acompanhamento e avaliação dos objectivos do Plano Nacional de Acção para a Inclusão (PNAI);
5 - Integrar os objectivos da promoção da igualdade de género, constantes do Plano Nacional para a Igualdade (PNI), nos instrumentos de planeamento;
6 - Garantir uma maior eficácia e uma melhor cobertura e organização do conjunto de respostas e equipamentos sociais ao nível local;
7 - Criar canais regulares de comunicação e informação entre os parceiros e a população em geral.

que podem ser encontrados na página da autarquia quanto a este tópico e na secção de destaques onde anuncia e publica o documento.
Para demonstrar o carácter inócuo do documento relativamente ao problema que visa tratar, basta recordar as conclusões do estudo sobre o poder de compra concelhio, o último dos quais se refere a 2005. Este documento do INE mostra que, quanto ao indicador per capita, Ourém apresenta um valor que não vai além de 70,84% da média nacional, um valor bem inferior ao da região Médio Tejo (83,43%) e que é suplantado por quase todos os concelhos desta região exceptuando Sardoal (70,04%) e Ferreira do Zêzere (56,94%).
Admitimos as boas intenções dos técnicos que elaboraram o estudo. Talvez o leque de indicadores baseado no censo de 2001 não fosse o mais indicado para medir aspectos da situação social, mas fundamentar com base nos mesmos uma política que vai pôr em prática um plano de acção social conduzirá à total ineficácia desta.
Enfim, uma imagem cor de rosa que mais deveria ser um alerta laranja em termos sociais...

sexta-feira, março 14, 2008

Luís Euripo contra Red Dowdy

Conseguem recordar aquelas mesas de cabeceira com uma pequena pedra de mármore em cima frente a um espelho quadrado envolvido em madeira, uma gavetinha e uma porta que dava acesso a um penico?
Imaginem que o penico foi à vida e que a porta foi dotada de cadeado.
O Abelito era assim: à quinta-feira comprava religiosamente o Mundo de Aventuras no Central, lia-o e, depois, guardava-o naquele espaço da mesa de cabeceira, fechando-o a cadeado.
Mas esqueceu-se de um pormenor. Retirando a gaveta, havia acesso por cima ao que lá estava dentro. Imaginem a minha sensação a retirar dezenas de livrinhos como o da imagem e a entreter-me durante dias e dias, passados uns cinco ou seis anos sobre a sua edição.
Todos acabaram destruídos. Pouco a pouco, tenho vindo a encontrar em alfarrabistas livros desses tempos e a refazer essa sensação do encontro com a mesa de cabeceira...
A edição pelo MA transmite o prazer de algo que se vê e lê bem ao contrário de outras revistas de formato mais reduzido.
Hoje, o Fanzin'OUREM tem o prazer de, em rigoroso exclusivo, oferecer a todos os seus amigos e outros, esta formidável aventura de Luís Euripo bebida nos números originais do Mundo de Aventuras entre o 209 e o 219.
Reparem como aqueles páginas sabem e cheiram a velhinhas, tão amarelentas estão, tal o receio que temos de lhe tocar e que se desfaçam todas. A imagem captada retrata bem o seu estado e tem muitas mazelas algumas motivadas pelo facto de a edição pelo MA ser um tanto ou quanto desregrada. Por exemplo, as primeiras três páginas ocupavam as duas centrais do número 209 e tivemos de modificar a sequência das vinhetas para a adaptar ao formato do A4. Mas eu penso que com algum produto tipo PhotoShop poderão fazer maravilhas. Ou então peçam ao Manuel Caldas.
A estória é engraçada:


Luís é amigo de Red, actual campeão mundial, por quem já foi derrotado em combate anterior, mas de quem se tornou amigo. Red aceitou a desforra mas os promotores não estão a gostar da boa convivência entre os dois pugilistas, tratando de minar a sua relação. Um dia, após falsas notícias, Red chegou a agredir Luís.
Este não se conformou com o que se passava e conseguiu captar as boas graças da filha de Red, uma miúda con uns quinze anos que, como podem ver, tinha pelo na venta e esta acabou por se revoltar contra o pai o que o enfureceu ainda mais.
No dia do combate, Red recusou o cumprimento de Luís e afastou-o com um empurrão. O combate foi extremamente viril com os dois pugilistas furiosos um com o outro. Luís esteve perto do Knock Out, mas tudo acabou por ter um final feliz e a reconciliação entre os dois amigos acabou por se sobrepor a mal entendidos criados por gente malvada.


Termina aqui o primeiro número do Fanzin'Ourem. As audiências foram descendo pelo que, possivelmente, fica número único.
Logo se verá...



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quinta-feira, março 13, 2008

Luís Euripo, grande campeão oureense?

Já se sabe por que razão grande parte dos nomes dos nossos heróis dos anos 50 e 60 foram aportuguesados: a salazarenta legislação a isso obrigou. Mas a verdade é que, neste caso, há algo mais: Luís Euripo foi apresentado como o grande campeão português o que indicia que tal transformação não se realizou apenas quanto ao nome.
Sendo Luís Euripo português, é legítimo perguntar se ele não seria oureense? É que, durante anos consecutivos, para entusiasmo do pessoal do meu tempo, ele aparecia sem falha às quintas-feiras pelas 10 da manhã no Café Central levando a monumental aglomeração de admiradores que desejavam imitar os seus golpes bem fortes.
A verdade, é que isto não se passava exclusivamente em Ourém, pelo que ou o Luís tinha o dom da ubiquidade ou vinha travestido noutra forma qualquer... E, efectivamente, vinha em papel formato A4 por vezes colorido.
Para completar a informação sobre esta figura e acabar definitivamente com a confusão, vejamos o que nos diz a Mania dos Quadradinhos sobre este amigo:

Big Ben Bolt, que em português surgiu com o nome de Luís Euripo, devido a uma imposição de as personagens serem publicadas em Portugal com nomes portugueses, coisas do regime político que vigorava em Portugal nesses tempos, foi criado pelo argumentista Elliott Caplin, irmão de um grande desenhador, Al Capp, e pelo desenhador John Cullen Murphy, cuja maior notoriedade seria atingida ao suceder a Hal Foster na série Prince Valiant (Príncipe Valente entre nós), tendo feito a sua estreia a 20 de Fevereiro de 1950, com distribuição da King Features Syndicate, deixando finalmente de publicar-se em 1978.

Muito embora a série sobre boxe com maior sucesso tivesse sido Joe Palooka (o «nosso« Zé Sopapo, a que aqui já nos referimos), Big Ben Bolt conseguiu obter a preferência de muitos leitores, sobretudo os que apreciavam um desenho mais realista e personagens com maior profundidade psicológica. O seu nome dever-se-á, tanto quanto se sabe, a um poema de Thomas Dunn English intitulado Ben Bolt, que terá dado origem a outra personagem dos comics com este nome, muito antes da obra de Caplin e Murphy. Mas o principal personagem desta série não entrou nos estereótipos do que era habitual num lutador de boxe. Possuía um diploma universitário, e o boxe não era apenas uma forma de ganhar dinheiro, praticando-o unica e simplesmente porque gostava. Quando deixou de poder fazê-lo, devido a uma lesão, o que aconteceu por volta de 1955, acabou por enveredar pela carreira de jornalista, que durante muitos anos foi o principal assunto da acção da série.

John Cullen Murphy desenhou esta série desde o seu início, com a ajuda de vários ajudantes, entre os quais se contam Al Williamson (um dos desenhadores de Flash Gordon), Alex Kotzky (desenhador de Apartment 3-G), Neal Adams (desenhador de Deadman, entre outros), John Celardo (um dos desenhadores de Tarzan), Stan Drake (que desenhou a série The Heart of Juliet Jones, publicada entre nós n'O Primeiro de Janeiro como O Coração de Julieta e também Blondie), mas ao assumir o desenho de Prince Valiant acabou por abandonar Big Ben Bolt, que passou para as mãos de Gray Morrow, o nome que surge na série a partir de Agosto de 1977 até ao seu final um ano depois, já que o interesse por esta temática tinha vindo a esmorecer ao longo dos anos.

Amigo oureense, esteja atento a valiosa oferta relacionada com o percurso de Luís Euripo a campeão mundial na década de 50 que, amanhã, em rigoroso exclusivo, o OUREM lhe trará...

quarta-feira, março 12, 2008

John Cullen Murphy



Queria ser jogador de baseball, mas tinha um raro talento para desenhar, acabando por se tornar famoso ilustrador e cartoonista.
Estudou sob a supervisão de artistas como Norman Rockwell, Franklin Booth, George Bridgman, e Charles Chapman o que o ajudou a evoluir para um profissionalismo assinalável em qualquer media. Tanto o cartoon como o retrato ou a revista de ilustração foram igualmente exploradas com a habilidade e competência que lhe foram transmitidas pelos ilustre mentores.
Com dezassete anos, o seu primeiro trabalho profissional consistiu na produção de cartoons de boxe para o departamento de publicidade da Madison Square Garden. Tinha ainda várias revistas desportivas de Chicago a publicar, em média, dois desenhos relativos a uma semana.
Quando serviu na Segunda Guerra Mundial, ele prosseguiu a sua carreira de desenhador "no local" com ilustrações para o Chicago Tribune.
Após o regresso do Pacífico, Murphy publicou aguarelas de boxe, pinturas em revista o que chamou a atenção do escritor Elliot Caplin que rapidamente contactou o artista, para ver se ele estaria interessado em colaborar numa série de boxe em banda desenhada. Isto originou a série Big Ben Bolt iniciada em tiras diárias em 20 de fevereiro de 1950 e passando a dispor de uma página dominical a partir de 25 de Maio de 1952.
O personagem da série era dotado de uma gentileza, integridade e generosidade notáveis o que tornou o produto altamente assimilável e capaz de entreter os leitores. Bolt iria ganhar o campeonato de mundo de pesos pesados até que uma lesão o fez abandonar e levar a novas histórias de aventura, mistério e perigo não faltando geralmente uma menina escultural a seu lado.
Em 1970, Murphy foi homenageado por Harold Foster que o convidou para assumir as tarefas artísticas de Prince Valiant. Murphy aceitou de bom grado o novo desafio deixando alguns assistentes com a série Big Ben Bolt até esta acabar em 1978 com a morte do personagem.
Murphy e sua família foram trabalhar nas aventuras de Valente durante mais de trinta anos, mantendo sempre a qualidade desta aventura, embora Murphy nunca tenha tentado copiar o estilo muito distinto de Harold Foster.
O talento e o profissionalismo de John Cullen Murphy ajudaram a manter os notáveis índices de popularidade da série Prince Valiant a nível mundial. Ganhou vários prémios, incluindo o National Cartoonist Society's Best Story Strip.
Faleceu em 2 de Julho de 2004, aos 85 anos, de causa natural, deixando-nos um legado maravilhoso de aventuras e ilustrações.

Fonte: comicartville library em http://www.comicartville.com/jcmurphy.htm

terça-feira, março 11, 2008

Lance ou Flecha?


Apreciem este desenho fabuloso...
Os oureenses podem não ter dado por ele ou não se recordar. Era um herói muito discreto que apareceu nas páginas do Cavaleiro Andante e do Mundo de Aventuras. Nas primeiras, a legislação emanada do regime levou a que o seu nome fosse Flecha. A do Mundo manteve o nome original.
Há reedições, como a que podem constatar através desta engraçadíssima capa do Condor Popular, que nos coloca perante uma Valle que se adivinha formosa, mas a correr sério perigo perante a investida do bisonte.
No entanto, a grande novidade chega agora. Foi publicado agora o primeiro dos quatro tomos da reedição integral das suas pranchas dominicais. Centrado nos primeiros anos da expansão americana, "Lance" reflecte o eterno confronto bem/mal, com brancos e índios divididos pelos dois campos, com um fundo moralista e romântico, assente em personagens complexas e verdadeiramente humanas.
A edição, de grande formato, que recupera as cores originais, provém da "Livros de Papel" e por detrás dela está o trabalho laborioso de Manuel Caldas, um português nascido em Paredes de Coura, em 1959, poveiro há mais de duas décadas que se dedica à edição de clássicos de Banda Desenhada e já editou seis volumes do Príncipe Valente, três dos quais em Espanha, seguindo-se uma edição para o mercado inglês.
Em entrevista ao Voz da Póvoa, afirmou:
– Nesta minha vocação em que edito aquilo que quero, só me meto em coisas difíceis de restaurar. O Lance que será distribuído este mês, tem 71 páginas a cores que foram digitalizadas de jornais grandes. Como nos jornais vê-se muitas vezes o que está por trás e as cores são em tons uniformes, tive que pôr aquilo tudo impecável. Foram umas 15 horas para cada página, foi desgastante, cansativo e muito gratificante.
Admiro o trabalho e a capacidade de dedicação destas pessoas. Como eu gostava de saber fazer isto!
Ainda há dias, estive a desfolhar Lance. A história Raio de Luar, publicada no Cavaleiro Andante, é fabulosA e tive o projecto de a trazer para aqui, mas perante a publicação que se anuncia, incapaz de retirar as feridas ao que disponho, é preferível espera pelo trabalho anunciado.
Deixo aos oureenses, por link directo para o notável trabalho “Internet Comics Database – Portugal”, algumas capas que talvez lhes recordem algo que ainda guardem no baú mais valioso (porque cheio de recordações):

segunda-feira, março 10, 2008

Feira de velharias

Pois é, amigo oureense.
Acabada talvez um pouco aceleradamente a exuberância de Golden City, a crise voltou a instalar-se na área de publicação do nossso blog. Que fazer para manter esta coisa?
As ideias não são muitas e a animação davidiana continua a tardar, embora haja por aí quem ainda consiga mergulhar naquelas horrorosas actas com que a casa amarela nos brinda todas as semanas.
Mas precisamos de aguentar mais uns tempos.
Para isso, o OUREM decidiu abrir um ciclo dedicado à banda desenhada que os jovens oureenses das décadas de cinquenta e sessenta consumiam, elaborando uma espécie de fanzine online que vai ter a duração desta semana. Vamos assim construir o Fanzin’OUREM_1. A coisa repetir-se-á de quando em quando conforme a capacidade de digitalização, já que haverá inúmeras ofertas para os velhos amigos recordarem os velhos tempos.
E, para palavras, chega...
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