Ourém, em 2001, apresentava-se como um Concelho próspero e de forte dinâmica, esta circunstância era traduzida pela sua posição cimeira relativamente à média do país em 51% dos 35 indicadores analisados e da esmagadora maioria comparativamente à média da Sub-Região Médio Tejo (77% dos indicadores). Salienta-se também que nos indicadores em que Ourém apresenta posições inferiores à média nacional, o diferencial existente é no geral sempre substancialmente mais pequeno do que comparativamente com o diferencial existente entre a média da Sub-Região Médio Tejo e a Média Nacional.
A verdade é que tal perspectiva parece-nos excessivamente cor de rosa para caracterizar a situação no concelho e particularmente grave quando integrada num documento com as finalidades de apoiar objectivos como
1 - Combater a pobreza e a exclusão social e promover a inclusão e coesão sociais;
2 - Promover o desenvolvimento social integrado;
3 - Promover um planeamento integrado e sistemático, potenciando sinergias, competências e recursos;
4 - Contribuir para a concretização, acompanhamento e avaliação dos objectivos do Plano Nacional de Acção para a Inclusão (PNAI);
5 - Integrar os objectivos da promoção da igualdade de género, constantes do Plano Nacional para a Igualdade (PNI), nos instrumentos de planeamento;
6 - Garantir uma maior eficácia e uma melhor cobertura e organização do conjunto de respostas e equipamentos sociais ao nível local;
7 - Criar canais regulares de comunicação e informação entre os parceiros e a população em geral.
Para demonstrar o carácter inócuo do documento relativamente ao problema que visa tratar, basta recordar as conclusões do estudo sobre o poder de compra concelhio, o último dos quais se refere a 2005. Este documento do INE mostra que, quanto ao indicador per capita, Ourém apresenta um valor que não vai além de 70,84% da média nacional, um valor bem inferior ao da região Médio Tejo (83,43%) e que é suplantado por quase todos os concelhos desta região exceptuando Sardoal (70,04%) e Ferreira do Zêzere (56,94%).
Admitimos as boas intenções dos técnicos que elaboraram o estudo. Talvez o leque de indicadores baseado no censo de 2001 não fosse o mais indicado para medir aspectos da situação social, mas fundamentar com base nos mesmos uma política que vai pôr em prática um plano de acção social conduzirá à total ineficácia desta.
Enfim, uma imagem cor de rosa que mais deveria ser um alerta laranja em termos sociais...