sexta-feira, fevereiro 22, 2008

David Ó Bössta, oil on canvas

Este é Ó Bössta, governador de Golden City há quase três anos, cidade que de um ambiente bucólico, amistoso e cooperativo se transformou em monumental coutada para ele e rancheiros amigos. A imagem reflexo de Ó Bössta significa a sua multiplicação por muitos lugares no espaço e no tempo.
Vangloriava-se da sua política, mas o seu próprio autoconvencimento não o deixava ver quanto era negativa para os mais necessitados sobre os quais fizera cair grandes cargas tributárias, aos quais retirara múltiplos direitos em matéria de educação e prestações sociais e a quem contribuiu para o lançamento no desemprego nunca antes visto na região. Paradoxalmente, apesar de constestação esporádica, proveniente de camadas populares mais ou menos bem determinadas, a sua renomeação para governador era bem vista por muitos devido ao sistema de compadrio e clientelismo instalado.
Apesar de tudo, enquanto perseguia Videra, a vaia a que fora sujeito incomodava-o sobremaneira.
- Mal apanhe esse sacana, não posso deixar de dar uma lição aos outros - pensava - Sei bem quem são, onde moram. E vai ser por decisão colectiva que os vou tramar...
O grupo de quinze cavaleiros armados aproximava-se do território de uma seita um tanto exótica aparentada com índios, mas com rituais religiosos estranhos. Nunca até então tinha havido problemas na passagem por aquela zona apesar de o relacionamento com aqueles "selvagens" ser quase nulo, sabendo Ó Bössta que eles eram bastante perigosos perante a profanação de alguns lugares sagrados.
Talves por esse conhecimento, a passagem do território indio estava a provocar-lhe alguns nervos. Sentia-se vigiado, sentia um ruído estranho...
E tinha razão para os seus temores. De repente, um grito agudo encheu todo o espaço envolvente e, provenientes de locais escondidos na floresta envolvente, dezenas de índios vieram na direcção dos quinze cavaleiros, alvejando-os com flechas e fazendo-os dirigir na direcção de uma zona rochosa.
O chapéu de Farison voou levado por uma das flechas. A gritaria, entretanto, continuava, tornando-se ensurdecedora. Ó Bössta pensou que já não se safaria daquela...

Amigo oureense, continue a ler na próxima semana o desenvolvimento de Golden City, cidade sem lei. Conseguirá Ó Bössta escapar e consolidar os três anos da sua miserável governação? Ou acabará ali de uma vez por todas o seu poder?

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O resgate da presidenta



Mal sairam de Golden City, Ó Bössta e seguidores, tomaram a direcção que, na sua mente, Videra teria seguido. Iam apressados tentando apanhá-lo antes da hora do almoço, mas o tempo perdido na vaia e na recuperação de cavalos, parecia-lhes fatal.
- Ele não vai com certeza por Red Apple Town - dizia Farison - A Linda vive lá e não vai querer que os vejam.
- Cavalga e não digas disparates - respondeu-lhe Ó Bössta.
Farison calou-se, sentindo alguma raiva fervilhar dentro de si. Manhoso, convencia-se, apesar de tudo, que o outro o considerava estúpido. Como gostaria de lhe dar uma facada nas costas e assumir o seu lugar. Ser governador era o seu grande desejo...
Continuaram a cavalgar, mas, ao fim de algumas horas, o certo é que não viam rasto dos fugitivos.
Um pouco mais atrás, Would Do seguia-os, mas, em determinado momento, algo lhe chamou a atenção. Parou, deixou afastar os perseguidores de Videra e olhou pensativo para uma zona de penhascos.
- Que estranho! Andam ali uns abutres...
Resolveu conduzir a montada naquela direcção, afastando-se ainda mais dos perseguidores de Videra. Ao chegar junto aos penhascos viu um chacal, aproximando-se de uma mulher que estava inconsciente, deitada no chão. Deu um tiro para o ar e o animal afastou-se imediatamente, enquanto os abutres continuavam a esvoaçar. Saltou do cavalo e aproximou-se do corpo caído.
- É o monstro da mulher! E está viva...
Que haveria de fazer? Por uns breves momentos, pensou abandoná-la. Na sua perspectiva, aquela mulher, aliada incondicional de Ó Bössta, era um monstro que apoiava todos os seus actos mais vis e que prejudicavam a população de Golden City. Mas a sua consciência falou mais alto.
- Não posso abandoná-la nesta situação...
Com todo o cuidado colocou-a no seu cavalo, montou e conduziu-a de regresso a Golden City, amparando-a.
Não deixava de pensar nesta partida do destino. Ele, terrível crítico de Linda e do seu comportamento na associação, era quem naquela momento a salvava e a conduzia a um local seguro.
Lá longe, os outros cavaleiros continuavam a perseguição a Videra.
O doce retorno de Would Do e Linda Simon a Golden City ficou registado no quadro que acompanha esta descrição.

E quanto aos perseguidores? Apanhariam Videra? E Linda? Que faria? Qual a sua atitude relativamente ao perseguido?

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Linda Simon, oil on canvas


Esta é Linda Simon, fiel seguidora de Ó Bösta, presidente da associação de criadores de cabeças de gado de Golden City, neste momento, presa pelo arruaceiro Videra que foge da cidade perseguido pelo governador e seus lacaios.
Videra leva também dois cavalos consigo. Mudou várias vezes de direcção, escolhendo terreno empedrado e, quando viu que não havia sinal dos perseguidores, suavizou o envolvimento da presa.
- É melhor soltares-me - gritou ela.
- Não tenhas receio que não vou fazer-te qualquer mal.
Saltou do cavalo e ajudou-a a descer, entregando-lhe uma montada.
- Podes ir. Desculpa o mau bocado que te fiz passar.
Linda montou, olhou-o com alguma estranheza e afastou-se na direcção de Golden City. Videra imitou-a e tomou a direcção do seu rancho em grande velocidade desaparecendo rapidamente no horizonte.
A presidente voltava a Golden City, absorta em mil pensamentos. Estaria errada? Teria aquele homen razão ao criticar de tal modo a política local? Mas como poderia afastar-se de Ó Bössta se este tinha tanto poder?
Ia tão distraída que não viu uma cobra passar perto da montada. Esta assustou-se, encabritou-se e atirou-a por terra. Linda bateu com a cabeça no chão e ficou imóvel. O cavalo, esse, permaneceu a seu lado contemplando-a numa doce tristeza.
Ainda ensonado, um chacal sentiu presa fácil bem perto e ergueu-se para a procurar. Pé ante pé, aproximou-se daquele corpo inerte, temporariamente fragilizado...

Linda foi libertada, mas está em perigo. Irá ser comida pelo chacal? Quem a poderá salvar? Videra parece estar em segurança no seu rancho. Que fará Ó Bössta?

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Caçada ao arruaceiro



Desesperado, Ó Bössta viu o cavaleiro afastar-se levando consigo a fiel presidente da associação de criadores de cabeça de gado e mais duas montadas presas pela rédea. Desvairado, gritou às pessoas que tinham assistido à assembleia para apanharem os cavalos. Mas elas não colaboraram.
O governador insistiu:
- Corram, suas azémulas! A razão é toda nossa. Não veem que ele nos escapa?
Mas as pessoas, em vez de fazerem o que queria, dedicaram-lhe monumental vaia.
Pela primeira vez, frente ao local de realização da assembleia, David Ó Bössta era vaiado por populares que assim manifestavam o seu desagrado pela sua acção desastrosa para Golden City. Olhou-os irado:
- Isto não se admite. Isto não pode ser tolerado. Breve me ocuparei de vocês...
Entretanto, chegou Farison com a sua belissima montada com malhas brancas e quinze homens armados. Ó Bössta montou, puxou da pistola e deu uns tiros para o ar enquanto ao fundo, no inicio da encosta, o gado pastava docemente.
- Vamos. Temos de apanhar aquele arruaceiro e libertar a presidente - e dirigindo-se aos populares - hão-de ver como elas vos mordem!
Via-se que estava fulo, mais fulo com a vaia do que com o que acontecera na assembleia.
Picou a montada e partiu na direcção de Red Apple Town. Alguns rancheiros imitaram-no. Mais atrás, sempre a tomar notas, e mantendo razoável distância, Would Do seguiu-os.
Que irá acontecer? Libertarão a presidente da assembleia? Conseguirão apanhar Videra? E os populares? Estarão seguros a partir do momento em que vaiaram Ó Bössta desafiando a sua ira?

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

A grande assembleia


Era o grande dia da assembleia anual dos criadores de cabeças de gado.
Nela tinham lugar os rancheiros da região quotizados para a associação, o governador Ó Bössta (na qualidade de rancheiro e governador) e respectivos ajudantes. A assembleia era aberta aos populares que quisessem assitir e à imprensa local. Como se sabe, era presidida por Linda Simon, fiel seguidora de Ó Bössta.
Não era muito diferenciado o perfil dos rancheiros da associação. A grande maioria, sedenta dos seus favores, apoiava Ó Bössta. Nela havia pessoas com valor, é certo, mas a sua fidelidade ao governador deitava tudo a perder. Os restantes, mais fracos em poder de decisão e em poder económico, não conseguiam que as decisões da asssembleia os beneficiassem. A sua fragilidade organizativa era enorme e potenciada pela incapacidade de impor decisões contrárias à vontade de Ó Bössta.
A Assembleia que estamos a relatar estava relativamente bem frequentada. Na mesa da presidência, Linda Simon deu a palavra a uma rancheira proveniente das proximidades de Peaceful City e esta resolveu ler uma passagem da “Antologia poética do cowboy solitário”:
Gosto de ouvir os tiros
Dos cowboys enquanto partem
Arrancando mil suspiros
Aos corações que ardem

Trouxeram manadas de gado
Beijaram meninas que adoram
Vão para o solitário fado
Enquanto elas, tristes, choram
Quase todos apaludiram com gosto aquele momento de poesia protagonizado por Lass Carina, mas a voz de um rancheiro recentemente instalado na reunião fez-se ouvir:
- Estão aqui os maiores rancheiros da região, os maiores produtores de gado, vejo-os com estas tretas, ou envolvendo-se em negócios que só os beneficiam. Lá fora, o povo não tem trabalho, morre de fome e não fazem nada para o tirar dessa situação.
Ó Bössta ficou logo em guarda com estas palavras.
- Seu arruaceiro! Não venha para aqui com essa conversa...
Mas Lex Videra continuou alto e bom som a denunciar o comportamento daquela assembleia. Do outro lado, Mickel Sleeves levantou-se e afirmou:
- As suas palavras não valem nada, são completamente inúteis e não servem a nossa cidade. Ainda há dias, matámos uma vitela e distribuímos os bifes pelos quinhentos pobres da região. Você é mouco e deve estar louco...
Mas Videra continuou, não dando qualquer importância às palavras de Sleeves entendendo que elas eram um convite a que os pobres permanecessem sempre pobre. No fundo da sala, junto da imprensa local, Serge Would Do tomava notas sobre tudo o que se passava.
Nisto, Ó Bössta perdeu a paciência. Virou-se para os seus lacaios e gritou:
- Abatam-no!
Foi o pânico na assembleia. Farison e companhia tentaram sacar das armas, mas Videra foi mais rápido e desarmou-os com vários tiros. Depois, saltou do seu lugar, agarrou Linda Simon e apontou a arma aos restantes.
- Vamos. Atrevam-se...
Recuou, mantendo-a envolvida com o braço direito sob o busto enquanto sentia o seu arfar, conduziu-a até ao cavalo, deu três tiros para o ar e espantou os cavalos dos outros rancheiros, montou, pegou em Linda e arrastou-a consigo, cavalgando para a saída da cidade.
- Apanhem-no! – gritou Ó Bössta – O malvado espantou as nossas montadas.
E enquanto tentavam apanhar as montadas, Videra, fugiu para longe da saída, levando Linda consigo como refém.
Que iria passar-se? Seria Videra apanhado? Libertaria Linda? E que faria Would Do? Não deixe de seguir mais esta formidável estória de Golden City...

domingo, fevereiro 17, 2008

Lamentável ausência de perspectiva

O Eng. Sócrates tem toda a razão se disser que o desemprego diminuiu ao analisar o que se passou nos quatro trimestres de 2007.
De igual modo, a oposição tem razão se disser que o desemprego aumentou se medir o seu comportamento pela evolução de desempregados, ou pela taxa de desmprego, entre 2006 e 2007.
Os dois indicadores parecem contradizer-se e a fixação num ou noutro prova quanto sofrem de demagogia os agentes da política no nosso país.
Dos valores em causa, só por si, nada pode concluir-se, e também não é muito justo assacar-se ao governo a responsabilidade pela não criação de emprego uma vez que, conscientemmente, os portugueses parece terem optado por uma economia assente na livre iniciativa. Se o patronato não investe como pode haver mais emprego?
É de acreditar que, em 2008, a situação vai piorar já que há indícios de recessão económica.
Mas tudo isto não chega para deixar de produzir aqui uma nota de reprovação pelo esquecimento do que vai acontecendo no nosso país e que a ser avaliado tiraria todas as dúvidas sobre o que está a passar-se.
A verdade é que grande parte dos nossos jovens, descrentes com o sistema, já nem se inscreve no Instituto de Emprego e Formação Profissional, fazendo com que o seu caso não conte para a estatística de desemprego. Eles deixaram de acreditar no sistema depois de tanto tempo esperarem, depois de receberem postais em casa, comparecerem e tudo mais parecer que o dito instituto andava a brincar com eles. Este comportamento demostra que estes jovens não sentem qualquer confiança no desenvolvimento país. Mas esquecer tal facto demonstra uma lamentável ausência de perspectiva por parte dos nossos políticos...
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