O nosso contador aproxima-se do número que nos serve de título e isto traz-me a recordação do Quarteto 1111.
Vasculho a Internet à procura de informação sobre os ditos. Eis um extracto:
De um dos muitos grupos inspirados nos Shadows, o Conjunto Mistério, nasce o Quarteto 1111, que se torna rapidamente um caso à parte no panorama musical português, não só por utilizar a língua portuguesa quando não era usual fazê-lo, mas também porque musicalmente se afastava muito da média da época. A formação inicial era composta pelo vocalista e tecladista José Cid, pelo guitarrista Antônio Moniz Pereira, pelo baterista Michel Pereira e pelo baixista Jorge Moniz Pereira, que "decidiram trabalhar para fazer qualquer coisa diferente", acrescentando ter sido "exactamente isso que fizemos: estivemos um ano e meio fechados numa garagem", afirmou o cantor em conversa com o BLITZ.Podem ler isto e muito mais aqui.
O resultado causou a surpresa geral, sendo o tema título do primeiro EP da banda 'A Lenda de El-Rei D. Sebastião', editado em 1967, a primeira canção portuguesa a tocar no 'Em Órbita', programa histórico de divulgação musical do Rádio Clube Português. Na apresentação da música, destacaram o seu caráter "eterno, de criação nacional e de validade perene e universal".
O sucesso surpreendeu os próprios elementos da banda, que viam em 'Os Faunos', do mesmo EP, o ponto alto do disco, um rock com toques de psicodelia, ao qual José Cid se refere como "uma música com sons impensáveis".
Coincidência ou não, os trabalhos seguintes do Quarteto 1111 seguem o caminho iniciado com a 'Lenda de El-Rei D. Sebastião', mergulhando mais fundo no imaginário popular da história portuguesa, em contos trazidos das "brumas do passado" para a modernidade da pop actual.
Em 1968 concorrem no Festival da Canção da RTP com 'Balada Para D. Inês', tema baseado na ambiência épica de uma seção de cordas. 'Partindo-se', composto a partir do poema de João Ruiz de Castelo Branco, inserido no Cancioneiro Geral, é o último registro desta primeira fase. Ainda em 68, lançam o EP 'Dona Vitória', onde deixam claro o seu posicionamento em relação ao regime. O que se encontrava escondido em metáforas, surge então marcadamente visível. Doses certas de idealismo e um realismo cruel na forma como eram abordadas as problemáticas de um país aprisionado pelo regime fascista passam a ser presença constante.
O ano de 1969 é paradigmático, com a edição de três singles ('Nas Terras do Fim do Mundo', 'Meu Irmão' e 'Génese/Monstros Sagrados'), em que o sonho de um mundo e de um país diferente se fundem em derivações pop, marcadas pela psicodelia das colagens de orgão, pela acidez das guitarras ou pelos efeitos de voz. 'Génese' e 'Monstros Sagrados' são mesmo caso único, em termos líricos, na obra da banda, reflexos de músicas escritas "num estado químico completamente diferente do normal", refere.
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