quinta-feira, janeiro 25, 2007

Poemas entrelaçados..., 16
Porta #14: Tudo o que nasce morre e renasce sob outra forma

É altura de fechar, a referência já vai longa, há que saber mudar para continuar. Escolhi, para terminar o livrinho, um texto relacionado com uma passagem da infância, cuja primeira forma está aqui. Depois, introduzi-lhe pequena mudança que tem a ver com aquele subtítulo e que nos deixa questões não só sobre o nosso destino mas também sobre a nossa terra: haverá possibilidade de ela renascer das cinzas em que anda a ser transformada?
Confesso que não sei, por isso é altura de vos deixar esta "Torre de Névoa".


Torre de Névoa
Subi ao alto, à minha Torre esguia,
Feita de fumo, névoas, e luar,
E pus-me, comovida, a conversar
Com os poetas mortos, todo dia.
Contei-lhes os meus sonhos, a alegria
Dos versos que são meus, do meu sonhar,
E todos os poetas, a chorar,
Responderam-me então: "Que fantasia,
Criança doida e crente! Nós também
Tivemos ilusões, como ninguém,
E tudo nos fugiu, tudo morreu!..."
Calaram-se os poetas, tristemente...
E é desde então que eu choro amargamente
Na minha Torre esguia junto ao céu!...

Florbela Espanca

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