domingo, dezembro 19, 2004

AS MINHAS MEMÓRIAS - 3
Por Zé Rito


Entre a saída do Colégio e a entrada no mundo do trabalho mediou o espaço necessário para, como todos os mancebos, cumprir o serviço militar. Na altura era complicado. A necessidade, imposta pelo regime, de ir "defender a Pátria no Ultramar" e algures na Àfrica ser "carne para canhão" assustava qualquer um.

Foi com algum aperto na garganta que os meus Pais assistiram à minha ida, juntamente com o Luís Cúrdia, o Augusto Chapeleiro, vulgo Mina Guta, o Tó Lis, o Portugal, entre outros, até às instalações da Banda, para fazer a inspecção. Saí com a esperança de me safar, já que teria de ir ao Hospital de Tomar, onde, perante o Dr. Tamagnini, era reinspeccionado.

Fomos todos passar o dia na Nazaré tendo voltado com um chapéu de marinheiro para um baile, por nós organizado, que teve lugar no ringue do Atlético.

Guiné, Angola ou Moçambique foi o destino da maioria. Sei que três ficaram isentos de cumprir o serviço militar. Julgo que, para além de "moi même", safou-se o Portugal e o Mina Guta.

Enfim livre deste embróglio passei ao mundo do trabalho, como funcionário público, na Secretaria da Câmara.. Estávamos no fim do ano de 1965.

Foi na altura que foi criado para os velocípedes a obrigatoriedade da chapa amarela (1-VNO-00-01, etc.). E o chefe da Secretaria, de seu nome Hermenegildo Carrilho Escobar, incumbiu-me dessa tarefa.

Lembra-me, como colegas, do Sr. Honório, do Gonçalves, do Zé Félix, do Abel Vieira, da Maria Helena, da Lita, da Maria do Carmo, da Julieta Marçal, para além do meu Pai.

Ao fim do dia lá ia eu com o grande "Livro 8" à Tesouraria, onde com o chefe Baço fazíamos a conferência dos movimentos e das receitas.

Foi então que comecei a juntar o meu "pé de meia".
Em dado momento aventurei-me à aquisição de um gravador. Foi o início dos "Estúdios Trine".
Gravava em bobinas com duas faixas de cada lado em três velocidades. O altifalante estava incorporado na tampa.

Comecei a gravar música em casa mas as condições de recepção não eram as melhores. Foi então que surgiu a oportunidade de gravar a partir do rádio do Zé Alberto. Era um rádio recente que permitia com um cabo a ligação directa entre os aparelhos. O Zé Alberto vivia no Bairro Dr. Trigo de Negreiros. Daí o nome dos "Estúdios" ter o nome das primeiras sílabas do Bairro.

Rio Torto, Gouveia 2004-12-18
José Manuel Rito

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