Como os meus amigos já devem ter reparado, a nossa barra lateral passou a conter apontadores para os programas, sínteses de programas ou páginas dos partidos / organizações com representação parlamentar.
As expressões utilizadas representam exclusivamente a minha sensibilidade aos mesmos.
Assim, entendo que o programa da CDU é o que reflecte melhor uma chamada à consciencialização das pessoas para "agarrarem as condições de produção da sua existência". É, neste momento, a organização que melhor reflecte a minha ligação ao passado, onde consigo encontrar um discurso que me recorda muitas palavras que têm um significado muito preciso para mim. Não quero com isso dizer que defenda a construção de uma sociedade exactamente nos moldes em que a CDU a preconiza, mas entendo que deve ter uma grande influência em qualquer processo de renovação.
O programa do Bloco não é substancialmente diferente em termos de objectivos do da CDU, mas dá maior peso à Europa, às minorias e aceita o multipartidarismo em termos de construção de uma sociedade mais avançada. Também julgo que a nossa ligação à Europa e os efeitos que a mesma teve na destruição do nosso aparelho produtivo inviabilizam a construção de algo em que o centro sejamos nós próprios. Daí o título: "uma revolução à escala europeia".
Para mim, o PS acaba por ser sempre um mal menor, isto é, em vez dos outros (os da direita), entendo que são preferíveis estes. No entanto, não vejo nada no programa deste partido que me entusiasme. As suas concessões à lógica capitalista são tão grandes que, quando oiço Sócrates, me ponho a questão: "serão estes gajos (desculpem o termo ordinário) quem, nos próximos quatro anos, me vai atirar para o desemprego?" Esperemos para ver. A expressão "do mal, o menos" revela uma tentativa de coerência com os valores de esquerda – eu sou incapaz de votar à direita – mas impõe uma atitude que tem a ver mais com o coração do que com a racionalidade. Aquelas figuras em quem não tenho confiança nenhuma estão lá todas...
A designação que dei ao programa do PSD pode ser um pouco injusta. Tenho a dizer que é o programa mais engraçado e mais atractivo de todos que li. Se não soubesse quem o tinha feito, se lhe retirasse a cor laranja, se lhe retirasse uma ou outra expressão mais doutrinária, era capaz de embarcar naquilo. Meus amigos, eu adoro a boa vida, adoro bons carros, adoro centros comerciais, ter muito dinheiro para gastar, poder comprar assistência médica e educação de qualidade, ter tudo o que a social democracia me pode dar. Mas aquilo são promessas que apontam para o efémero e cuja concretização, em termos globais de sociedade, será sempre impedida pela racionalidade dos barões. Por isso, a apelidei de "flatulência" com grande tendência para diarreia se eles ganharem as eleições.
Finalmente, a percepção que tive sobre a caridadezinha do CDS para manter os pobrezinhos muito contentes e agarrados à sua situação (ao contrário do que é preconizado pela CDU e pelo Bloco) fez-me apelidar a entrada para eles de "Irmãs da Caridade". Como não encontrei programa, ficou apontador para o partido. Esperemos, na sequência do que disse Portas, que o governo sombra divulgue com brevidade o programa de esmolinhas aos portugueses pobres.
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