Quando o mesmo espaço de valores e ideais é reivindicado por duas ou mais organizações que diferem entre si pela história ou pelos meios para atingir os objectivos, põe-se o problema do voto útil.
O Sérgio chamou-me muito bem a atenção para esse problema num comentário: com a dispersão de votos entre CDU e Bloco, a esquerda consequente está em vias de perder o único deputado no distrito.
No "Ourém e seu Concelho", Paulo Fonseca abordou uma questão algo semelhante. Desta vez, criticou a possibilidade de um amigo ir apoiar nas urnas as ideias de Louçã, sustentando que estaria a contribuir para diminuir a possibilidade de uma maioria absoluta pelo PS.
Eu aceito melhor a posição do Sérgio que a do Paulo. O primeiro teve em conta um problema sério para a sua organização e, na qualidade de responsável, informou sobre as consequências da dispersão. Mas o caso de Paulo é um pouco diferente. É que ele refere que estava entre amigos. Ele que me perdoe, mas entre amigos pode haver amizade, mas não aliciamento.
Por muito que me desagrade o voto dos outros, eu tenho que dizer aos meus amigos "vota, sem medo, em quem entendes que serve melhor os teus ideais ou os interesses do teu país". A utilização do medo para justificar o voto útil fará com que os portadores de novas ideias, novas práticas nunca consigam ultrapassar a barreira dos que já estão estabelecidos. E se a perda de um deputado da esquerda consequente é efectivamente algo que nos deva fazer meditar, a garantia de uma maioria absoluta do PS é só por si uma razão para tentar reforçar o voto à esquerda. Governem, mas calma aí...
Acresce, na refutação aos argumentos do Paulo o facto de que quer o Bloco quer a CDU poderem estar numa situação de fraqueza quanto ao voto exactamente porque muitas pessoas que pensam como o amigo terem actuado como ele pretendia. Isto é, votam útil PS porque os outros não têm hipótese de ganhar. Por isso, o voto útil é uma forma de encobrir as reais aspirações das pessoas.
Assim, votar no Bloco ou votar na CDU é um verdadeiro exercício de liberdade que só honra quem o pratica.
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