Houve um ano em que o João, depois de ter sido expulso de várias escolas do país por mau comportamento, veio fazer os três últimos meses ao CFL, procurando aí o aproveitamento que não conseguira noutras paragens.
Mas o seu comportamento desnaturado continuou e sofria constantemente de prisão de ventre e significativas crises de fígado.
Um dia, estávamos na aula de Francês bem concentrados nas palavras da Dra. Maria Júlia que nos ensinava o verbo «ser».
- Em Francês, o verbo ser diz-se «être» e a conjugação do presente do indicativo é a seguinte:
Je suis…
Não pôde continuar. De repente, o Luís Cúrdia, entrou pela aula esbaforido, a dizer:
- A botija, sôtora, a botija…
Ela olhou-o espantada:
- O quê? Que se passa? Não gosto nada dessa palavra…
- É o João, sôtora. Está deitado na secretária com dores de barriga e suores frios, todo gelado, a pedir a botija.
A professora dirigiu-se imediatamente à sala ao lado. Lá estava o João, lívido como um passarinho, todo estendido em cima da secretária de barriga para o ar.
- Que é que tu tens, meu bichinho, o que é?
Que ternurenta! Ele ergueu os olhos suplicantes e explicou:
- Estou gelado. Dói-me muito a barriga, preciso de uma botija para aquecer…
A Dra. Júlia virou-se para o Sr. Nunes.
- Por favor, prepare um saco de água quente e traga-me um cobertor.
Pouco depois, o João estava todo tapado pelo cobertor e o saquinho de água quente aliviava-lhe os calafrios. Mas mesmo assim não melhorava. Pelo que a professora fez novo pedido ao Sr. Nunes:
- Por favor, Sr. Nunes, desculpe estar a abusar de si, chame o meu pai que está a dar Matemática ao terceiro ano…
O Sr. Nunes lá foi e, pouco depois, o Dr. Preto estava junto de nós na sala. Observou o João e rapidamente fez o diagnóstico:
- Tem de levar um clister. Mandem aviar isto, preparem com água tépida e, com tudo o cuidado para não o magoar, introduzam-lhe o líquido preparado.
Os preparativos para o clister decorreram com aceleração e normalidade. O João permaneceu tapado, a queixar-se com dores e, a certa altura, foi virado de barriga para baixo. A Dra. Maria Júlia preparou-se para lhe dar o clister.
- Agora, preciso de uma auxiliar.
Saltou logo a menina do Castelo.
- Posso ser eu, doutora. Por alguma razão, daqui a alguns anos vou ser auxiliar de enfermagem em França.
O João olhava tudo aquilo não acreditando no que lhe estava a acontecer.
- Mas… mas… mas… jejejejejejjejjeee
A Dra. Maria Júlia continuou:
- À minha ordem, a menina abre suavemente este torniquete para a água sair, percebeu?
- Muito bem – respondeu a improvisada enfermeira.
E esperou pela indicação da professora.
- Agora – ordenou esta no seu estilo magistral.
A auxiliar de enfermagem mexeu o torniquete, mas fê-lo com tanta força que um enorme esguicho percorreu o interior do João, provocando-lhe formidável contração.
De um salto levantou-se, e, de calças na mão, correu para a casa de banho, enquanto gritava:
- Cabronaza! Vais pagá-las todas…
Pouco depois, surgia sorridente.
- Já passou tudo. Que alívio!
Era adorável o João quando bem disposto. E assim se passou esta aula de Francês. Mas não se pense que foi inócua. A entrada intempestiva do Cúrdia na sala onde estava a professora nunca mais a livrou do estigma de «A botija». A improvisada enfermeira não acreditou que não tinha jeito nenhum para aquilo e precisou de passar por cenário de guerra e por experiência conventual em França para concluir que devia procurar outra profissão. E o Jó Rodrigues inventou uns versos dedicados a esta aventura do João que, pelo seu conteúdo, eu não posso aqui transcrever, apesar de nos terem perseguido por muitas noites oureanas. Nem os lancinantes apelos das donzelas do Estórias me levará a mudar de posição...
Mas o seu comportamento desnaturado continuou e sofria constantemente de prisão de ventre e significativas crises de fígado.
Um dia, estávamos na aula de Francês bem concentrados nas palavras da Dra. Maria Júlia que nos ensinava o verbo «ser».
- Em Francês, o verbo ser diz-se «être» e a conjugação do presente do indicativo é a seguinte:
Je suis…
Não pôde continuar. De repente, o Luís Cúrdia, entrou pela aula esbaforido, a dizer:
- A botija, sôtora, a botija…
Ela olhou-o espantada:
- O quê? Que se passa? Não gosto nada dessa palavra…
- É o João, sôtora. Está deitado na secretária com dores de barriga e suores frios, todo gelado, a pedir a botija.
A professora dirigiu-se imediatamente à sala ao lado. Lá estava o João, lívido como um passarinho, todo estendido em cima da secretária de barriga para o ar.
- Que é que tu tens, meu bichinho, o que é?
Que ternurenta! Ele ergueu os olhos suplicantes e explicou:
- Estou gelado. Dói-me muito a barriga, preciso de uma botija para aquecer…
A Dra. Júlia virou-se para o Sr. Nunes.
- Por favor, prepare um saco de água quente e traga-me um cobertor.
Pouco depois, o João estava todo tapado pelo cobertor e o saquinho de água quente aliviava-lhe os calafrios. Mas mesmo assim não melhorava. Pelo que a professora fez novo pedido ao Sr. Nunes:
- Por favor, Sr. Nunes, desculpe estar a abusar de si, chame o meu pai que está a dar Matemática ao terceiro ano…
O Sr. Nunes lá foi e, pouco depois, o Dr. Preto estava junto de nós na sala. Observou o João e rapidamente fez o diagnóstico:
- Tem de levar um clister. Mandem aviar isto, preparem com água tépida e, com tudo o cuidado para não o magoar, introduzam-lhe o líquido preparado.
Os preparativos para o clister decorreram com aceleração e normalidade. O João permaneceu tapado, a queixar-se com dores e, a certa altura, foi virado de barriga para baixo. A Dra. Maria Júlia preparou-se para lhe dar o clister.
- Agora, preciso de uma auxiliar.
Saltou logo a menina do Castelo.
- Posso ser eu, doutora. Por alguma razão, daqui a alguns anos vou ser auxiliar de enfermagem em França.
O João olhava tudo aquilo não acreditando no que lhe estava a acontecer.
- Mas… mas… mas… jejejejejejjejjeee
A Dra. Maria Júlia continuou:
- À minha ordem, a menina abre suavemente este torniquete para a água sair, percebeu?
- Muito bem – respondeu a improvisada enfermeira.
E esperou pela indicação da professora.
- Agora – ordenou esta no seu estilo magistral.
A auxiliar de enfermagem mexeu o torniquete, mas fê-lo com tanta força que um enorme esguicho percorreu o interior do João, provocando-lhe formidável contração.
De um salto levantou-se, e, de calças na mão, correu para a casa de banho, enquanto gritava:
- Cabronaza! Vais pagá-las todas…
Pouco depois, surgia sorridente.
- Já passou tudo. Que alívio!
Era adorável o João quando bem disposto. E assim se passou esta aula de Francês. Mas não se pense que foi inócua. A entrada intempestiva do Cúrdia na sala onde estava a professora nunca mais a livrou do estigma de «A botija». A improvisada enfermeira não acreditou que não tinha jeito nenhum para aquilo e precisou de passar por cenário de guerra e por experiência conventual em França para concluir que devia procurar outra profissão. E o Jó Rodrigues inventou uns versos dedicados a esta aventura do João que, pelo seu conteúdo, eu não posso aqui transcrever, apesar de nos terem perseguido por muitas noites oureanas. Nem os lancinantes apelos das donzelas do Estórias me levará a mudar de posição...
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