terça-feira, outubro 12, 2004

A cassete do pirata



Meus amigos,
garanto-vos que aquilo era uma cassete pirata. O discurso do cabeça de gel que lá apareceu nada tem a ver com o que eu queria proferir. Fui censurado. E como eu, muitos mais. Será que pensam que eu não sei que muita gente não publica por desinteresse das editoras? Isso não é uma forma de censura? Porque é que o Mourinho publica? E o Ricardo? É porque escrevem bem? É porque contam coisas de interesse? É porque são científicos? Se calhar é porque vendem, logo o mercado em que toda a nossa sociedade se baseia é uma forma de censura. Tenho provas...
E os salários da função pública... levam um aumentozito de acordo com a inflação deste ano. Mas eles não tiveram aumentos em anos anteriores. E qual é a taxa de inflação? Acham que a taxa de inflação de uma família bem estabelecida é a mesma de um jovem casal com necessidade de adquirir habitação e meio de transporte? Acreditem em mim, as taxas de inflação são diferentes de acordo com quem sente os preços, logo eu devia oferecer aumentos diferentes.
E acham que fui eu quem escreveu aquela enormidade sobre os reformados? Uma convergência com o salário mínimo... mas quem é que consegue viver com o salário mínimo? Não seria preferível cortar nas grandes pensões e distribuir esses montantes pelos mais carenciados?
Como veem, não fui quem fez aquele discurso, quem produziu aquela cassete.
Apontam-me agora o IRS. Mudam os escalões e também as taxas. Penso que é mais positivo do que o que se pensava antes, especialmente se a mudança de taxa for significativa (para baixo). Mas seria muito mais profíquo atrair os não cumpridores ao sistema, talvez com taxas ainda mais baixas de forma a que o nosso país deixasse de ser uma monumental economia paralela.
Foi isto que ouviram, meus amigos? Não, ainda recordo bem aquela passagem sobre pagamentos diferenciados de acordo com o escalão de rendimento: apesar dos abusos e das fugas, vamos utilizar o sistema.
Por isso garanto-vos, aquilo que viram e ouviram era uma verdadeira cassete pirata. Era propaganda eleitoral em tempo de notícia, era a voz de um demagogo.
Não era, com certeza, a comunicação de um primeiro ministro.

1 comentário:

João Caldeira Heitor disse...

Caro Luís
O discurso foi um conjunto de promessas, que nunca serão cumpridas, já à espera que o Dr. Sampaio, deite o governo abaixo.
Depois do governo cair, Santana Lopes vai fazer o discurso do coitadinho, argumentando junto da população portuguesa que queria descer os impostos, aumentar as pensões e o Dr. Sampaio não o deixou...
A isto chama-se pré-campanha eleitoral!

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