Quando chegaram junto dos carros dos bombeiros, os miúdos ficaram encantados.
- Olha que carro tão giro – dizia a Ciete apontando o autotanque.
- E aquela é a ambulância conduzida pelo ti’ Júlio – respondeu o Julito, apontando outro carro – Tem ajudado a salvar centenas de vidas.
O comandante decidiu então uma coisa que alegrou muito toda a miudagem.
- Vamos dar uma volta com vocês pela vila. Tomem lugar nos carros.
Havia um jeep e um carro maior com muitos lugares disponíveis para o passeio ambos já com os respetivos motoristas a postos. A ideia era dar uma volta à vila indo na direção de Tomar e, junto à bomba de gasolina, virar para a rua de Santa Teresinha e regressar pela parte debaixo da vila. Claro que as famílias estariam a ver o que seria uma grande alegria para todos.
O Estorietas, o Amândio e a Mari’mília tomaram lugar no jeep, os outros estudantes foram para o carro maior. E o cortejo da turma do segundo ano do CFL em carro de bombeiros iniciou-se pelas ruas de Ourém.
- Olhem, – dizia a Ciete para os amigos – está ali o meu pai.
Efetivamente, com cara de poucos amigos, o sr. Bragança contemplava aquela cena pensando como era possível tal desvario, tanta insegurança entre a miudagem. Mas os carros lá seguiam pela Avenida indiferentes a tudo. O carro maior à frente, atrás o jeep com o Estorietas ao lado do motorista em pé como via fazer aos bombeiros, mas bem agarrado ao painel frontal. E assim foram percorrendo Ourém.
Mais à frente, o pai da Leninha mostrava as suas habilidades em cima da bicicleta, conduzindo com as pernas viradas para a faixa central da estrada, enquanto lá atrás se ouvia o ruído das sirenes dos carros. Um equilíbrio notável.
Frente à tipografia do Melo, o bombeiro que conduzia o jeep e, quando o outro carro já não se via, parou e disse:
- Vou ali ao Central comprar tabaco. Esperem por mim, é um instantinho.
E abandonou o jeep, deixando as chaves no interior do mesmo.
- Estou farta disto – dizia a Nicha – precisava de ir a casa a Peras Ruivas almoçar e nunca mais nos despacham. Vou perder a camioneta da uma.
Como o Amândio tinha mais uns anitos, o Estorietas perguntou-lhe:
- Não eras capaz de conduzir isto? Podíamos ir pôr a Nicha a casa e voltar…
O Amândio, que já tinha feito a partida do dia, retraiu-se:
- É melhor não. O dr. Armando ainda nos dá uma sova.
Nesse momento, chegou um rapaz um pouco mais velho, louro, com bom aspeto junto deles.
- Olá. O que estão a fazer aqui?
O Estorietas já o conhecia. Era o João, filho do comandante dos bombeiros, e passava muitas vezes na rua de Castela a conduzir um automóvel em alta velocidade.
- Estamos à espera do bombeiro. Mas demora-se tanto e aqui a nossa colega precisava de chegar a Peras Ruivas para almoçar.
- Ah! Eu levo-os lá.
Saltou para dentro do carro, ligou-o e logo acelerou fortemente fazendo o carro saltar e arrancar com tal velocidade, depois de as rodas chiarem como umas loucas, que o Estorietas ficou logo sentado a seu lado.
- Aiiiôôô, Silver!!! – gritava o João.
Pouco depois, desciam na direção do regato.
Numa passadeira, uma senhora de mais idade ia a atravessar.
- Ah! Ah! Vou passar-lhe por cima.
Mas era só a gozar. Travou com força um metro antes da passadeira e o Estorietas ia sendo cuspido. O indivíduo era meio louco e fazia seguir o carro com elevada velocidade pelo que começavam a ter algum receio. Pelo caminho, ia rosnando:
- Eu sou o melhor condutor de Ourém. Vão ver como eu conduzo.
- Vai com mais calma, senão ficamos aqui…
Viraram na direção do Vilar, mas, uns cem metros à frente, tomaram a direção do Carregal. Aí ele virou-se para trás e olhou o Amândio, enquanto o carro continuava em frente:
- E tu, donde és? Não te conheço.
- Sou da Urqueira…
- Da Urqueira? E como vens para o colégio?
- Venho todos os dias de bicicleta…
Continuou a olhar para trás enquanto o Estorietas ao seu lado de vez em quando fazia o gesto de travar.
- E tu? És bem bonita. Também andas no colégio?
- Sim, sou colega do Luís e do Amândio…
- Tenho a impressão que vou passar a visitar o colégio mais vezes.
- Tem cuidado – disse o Estorietas. – Olha que o sr. Nunes não é para brincadeiras está sempre de atalaia.
- Pensas… aquele pinhal esconde muitos segredos que ele nunca desvendou.
O carro seguia agora mais devagar. O João parecia bem mais calmo, mas de repente sentiu-se que algo não estava bem. O jeep começou a soluçar e pouco depois parou junto à quinta de Santa Bárbara.
- Bolas! Há qualquer coisa que não está bem. Não deve ter gasolina.
Saltou do carro e disse para os miúdos:
- Têm de seguir a pé. Peras Ruivas já não é longe. Eu regresso a Ourém para pedir um reboque.
Entretanto, em Ourém, quando o legítimo condutor do jeep chegou ao local onde tinha deixado o carro notou que o mesmo já ali não estava e lançou as mãos à cabeça.
- Ai! Agora é que estou tramado…
- Olha que carro tão giro – dizia a Ciete apontando o autotanque.
- E aquela é a ambulância conduzida pelo ti’ Júlio – respondeu o Julito, apontando outro carro – Tem ajudado a salvar centenas de vidas.
O comandante decidiu então uma coisa que alegrou muito toda a miudagem.
- Vamos dar uma volta com vocês pela vila. Tomem lugar nos carros.
Havia um jeep e um carro maior com muitos lugares disponíveis para o passeio ambos já com os respetivos motoristas a postos. A ideia era dar uma volta à vila indo na direção de Tomar e, junto à bomba de gasolina, virar para a rua de Santa Teresinha e regressar pela parte debaixo da vila. Claro que as famílias estariam a ver o que seria uma grande alegria para todos.
O Estorietas, o Amândio e a Mari’mília tomaram lugar no jeep, os outros estudantes foram para o carro maior. E o cortejo da turma do segundo ano do CFL em carro de bombeiros iniciou-se pelas ruas de Ourém.
- Olhem, – dizia a Ciete para os amigos – está ali o meu pai.
Efetivamente, com cara de poucos amigos, o sr. Bragança contemplava aquela cena pensando como era possível tal desvario, tanta insegurança entre a miudagem. Mas os carros lá seguiam pela Avenida indiferentes a tudo. O carro maior à frente, atrás o jeep com o Estorietas ao lado do motorista em pé como via fazer aos bombeiros, mas bem agarrado ao painel frontal. E assim foram percorrendo Ourém.
Mais à frente, o pai da Leninha mostrava as suas habilidades em cima da bicicleta, conduzindo com as pernas viradas para a faixa central da estrada, enquanto lá atrás se ouvia o ruído das sirenes dos carros. Um equilíbrio notável.
Frente à tipografia do Melo, o bombeiro que conduzia o jeep e, quando o outro carro já não se via, parou e disse:
- Vou ali ao Central comprar tabaco. Esperem por mim, é um instantinho.
E abandonou o jeep, deixando as chaves no interior do mesmo.
- Estou farta disto – dizia a Nicha – precisava de ir a casa a Peras Ruivas almoçar e nunca mais nos despacham. Vou perder a camioneta da uma.
Como o Amândio tinha mais uns anitos, o Estorietas perguntou-lhe:
- Não eras capaz de conduzir isto? Podíamos ir pôr a Nicha a casa e voltar…
O Amândio, que já tinha feito a partida do dia, retraiu-se:
- É melhor não. O dr. Armando ainda nos dá uma sova.
Nesse momento, chegou um rapaz um pouco mais velho, louro, com bom aspeto junto deles.
- Olá. O que estão a fazer aqui?
O Estorietas já o conhecia. Era o João, filho do comandante dos bombeiros, e passava muitas vezes na rua de Castela a conduzir um automóvel em alta velocidade.
- Estamos à espera do bombeiro. Mas demora-se tanto e aqui a nossa colega precisava de chegar a Peras Ruivas para almoçar.
- Ah! Eu levo-os lá.
Saltou para dentro do carro, ligou-o e logo acelerou fortemente fazendo o carro saltar e arrancar com tal velocidade, depois de as rodas chiarem como umas loucas, que o Estorietas ficou logo sentado a seu lado.
- Aiiiôôô, Silver!!! – gritava o João.
Pouco depois, desciam na direção do regato.
Numa passadeira, uma senhora de mais idade ia a atravessar.
- Ah! Ah! Vou passar-lhe por cima.
Mas era só a gozar. Travou com força um metro antes da passadeira e o Estorietas ia sendo cuspido. O indivíduo era meio louco e fazia seguir o carro com elevada velocidade pelo que começavam a ter algum receio. Pelo caminho, ia rosnando:
- Eu sou o melhor condutor de Ourém. Vão ver como eu conduzo.
- Vai com mais calma, senão ficamos aqui…
Viraram na direção do Vilar, mas, uns cem metros à frente, tomaram a direção do Carregal. Aí ele virou-se para trás e olhou o Amândio, enquanto o carro continuava em frente:
- E tu, donde és? Não te conheço.
- Sou da Urqueira…
- Da Urqueira? E como vens para o colégio?
- Venho todos os dias de bicicleta…
Continuou a olhar para trás enquanto o Estorietas ao seu lado de vez em quando fazia o gesto de travar.
- E tu? És bem bonita. Também andas no colégio?
- Sim, sou colega do Luís e do Amândio…
- Tenho a impressão que vou passar a visitar o colégio mais vezes.
- Tem cuidado – disse o Estorietas. – Olha que o sr. Nunes não é para brincadeiras está sempre de atalaia.
- Pensas… aquele pinhal esconde muitos segredos que ele nunca desvendou.
O carro seguia agora mais devagar. O João parecia bem mais calmo, mas de repente sentiu-se que algo não estava bem. O jeep começou a soluçar e pouco depois parou junto à quinta de Santa Bárbara.
- Bolas! Há qualquer coisa que não está bem. Não deve ter gasolina.
Saltou do carro e disse para os miúdos:
- Têm de seguir a pé. Peras Ruivas já não é longe. Eu regresso a Ourém para pedir um reboque.
Entretanto, em Ourém, quando o legítimo condutor do jeep chegou ao local onde tinha deixado o carro notou que o mesmo já ali não estava e lançou as mãos à cabeça.
- Ai! Agora é que estou tramado…
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