segunda-feira, março 13, 2006

Perdão se pelos meus olhos

Perdão se pelos meus olhos
não chegou
mais claridade que a espuma marinha,
perdão porque meu espaço
se estende sem amparo
e não termina.

Monótono é meu canto,
minha palavra é um pássaro sombrio
fauna de pedra e mar
o desconsolo
de um planeta invernal
incorruptível.

Perdão por esta sucessão de água
da rocha, da espuma, o delírio da maré
assim é minha solidão.
Saltos bruscos de sal contra os muros
de meu ser secreto, de tal maneira
que eu sou uma parte do inverno
da mesma extensão que se repete
de sino em sino em tantas ondas
e de um silêncio como cabeleira
silêncio de alga
canto submergido.

Pablo Neruda

2 comentários:

Anónimo disse...

Será uma grande perda se acabar o Ourém...
Onde iremos encontrar, para além de recordações interessantes sobre a geração de Ourém dos anos 60 e a sua música, poemas como o de hoje???
écse.

Lobo Sentado disse...

O OUREM morre, mas o seu cadáver fica. Nesse sentido é um privilegiado.
Poderá assim ser "admirado" pelas gerações futuras enquanto o Blogger tiver a amabilidade de o manter.
Agora era necessário que outros OUREMs nascessem com outras memórias e estórias para deixarmos a nossa época bem documentada. Consta-me que havia pessoas que tudo registavam em diários...

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