terça-feira, maio 30, 2006

A olaria do Patica


Será que, após tanta deceção, ainda é possível desfrutar algum prazer por viver ou visitar esta terra?
Ourém não é nada do que foi. As pessoas que a dominam foram moldadas em condições de profunda ignorância relativamente à vivência no meu tempo e os seus actos manifestam uma doentia raiva ao que sentem que a caracterizava.
Foram moldadas…
Já repararam na identidade dos membros da camarilha*? Tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão unidos no objetivo de destruir a terra…
Noutro tempo, naquela rua que vai da Avenida para a casa do Largo de Castela, junto ao Isidro das galinhas, do outro lado, mas mais abaixo da casa do Luís Nuno, também houve em Ourém alguém que moldava…
Não moldava a consciência, o comportamento, mas o barro. Era delicioso ver aquelas peças saírem da conjugação das suas mãos com a matéria prima e o instrumento que transmitia àquelas um movimento circular, mais abaixo, mais acima, de acordo com a pressão. Mais tarde, beber água saída daqueles cântaros, ênfusas, era delicioso.
O artista era o Patica, uma das pessoas simples de Ourém. Decerto não teve qualquer responsabilidade nos moldes transmitidos à doentia e destruidora mentalidade dos (ir)responsáveis autárquicos.



* De acordo com o dicionário do OUREM, camarilha significa aqui “os que dominam, em conjugação de interesses contra a história da nossa terra, a Câmara".

1 comentário:

Anónimo disse...

Que boa e bem arquitectada analogia...
écse

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