terça-feira, janeiro 23, 2007

Poemas entrelaçados..., 14
Porta #12: Tudo é contingente


Há uma lição que podemos retirar da nossa passagem por este efémero lugar: "No fundo, tudo é contingente", possivelmente, também o é esta afirmação. Sem dúvida que o foram a passagem por Ourém, os bailaricos no Castelo e os intermináveis verões com a Nazaré entre as magras opções. Também o são a prepotência dos governantes quer os vejamos a um nível local, nacional ou mundial embora, naturalmente, venham a ser substituídos por outros que farão igual ou pior... ou talvez não...
Estes merecem uma lápide para recordar as suas más práticas, não obstante em Ourém já restem poucos lugares para a podermos colocar.
No fundo, uma lápide é um marco que deixamos sobre tudo o que nos impressionou na passagem. Como a que decorre deste poema de Torga


Lápide
Quando eu morrer e tu ficares sozinha,
longe do bafo quente do meu corpo,
tu, a quem eu amei, sei lá por vingança
de Deus,
nessa hora,
olha serenamente a nossa história inútil
e chora...

Rega de pura mágoa a flor do «nunca mais»
(sequer ao menos a flor do «nunca mais»)
e depois morde o chão seivado e semeado
do místico perfume do meu sexo
sepultado...

Miguel Torga

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