segunda-feira, março 05, 2007

Lágrima de preta

Os oureenses são os sortudos. Desta vez vão poder ouvir falar de António Gedeão, autor de alguns dos poemas mais bonitos postos em canção. Quem vai falar dele é Manuel Freire na Som da Tinta no próximo sábado pelas 16 horas.
Será que vão perder mais esta oportunidade de conviver numa tarde cultural intensa? Deixo-vos com um desses poemas e uma das suas interpretações:

Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhai-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

(António Gedeão)

3 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Todos iguais!
Na dor, na alegria, na solidão, na amizade...
Não há cores que nos separem!

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado, Luís, pela referência... e pela lágrima de preta, que é outro dos poemas do Gedeão que o Manel musicou e cantou.
Não podes cá estar. Olha que há excursões para participação no evento!

Anónimo disse...

Espectacular...
Uma cantiga que nunca nos cansamos de ouvir.
écse

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