O PE em 2000 caracteres por semana - III
Por Sérgio Ribeiro
Esta foi, no Parlamento Europeu, uma "semana portuguesa", por a vinda de Durão Barroso para ser audicionado nos grupos políticos ter feito a nossa comunicação social estar omnipresente e muito se ter falado português e de Portugal.
Será uma vantagem desta candidatura, embora a forma como se concretiza possa ser perversa. Por exemplo: na hora da ida ao nosso grupo, António Vitorino marcou uma conferência de imprensa, para nada dizer ou para dizer nada, e os jornalistas debandaram da nossa sala; no que foi gravado e no que se transmitiu, houve quem não entrasse nas casas onde há aparelho de televisão. Alguém me viu?
Pois falei. No escassísimo tempo que tinha, fiz três perguntas, depois dos cumprimentos e... de vencer a dificuldade quanto ao vocativo.
"Senhor indigitado para presidente e compatriota,
1. Recentemente, em defesa de liberdades e garantias, o Parlamento Europeu tomou posição contra a tentativa de transmissão de dados pessoais aos Estados Unidos, pelas transportadoras aéreas, a pretexto de combate ao terrorismo. Sabidas as ligações de VExa. aos Estados Unidos, e tarefas de que se incumbiu no quadro da invasão e ocupação do Iraque,
está VExa. na disposição de ter em devida conta as muito sérias reservas e oposição do Parlamento quanto a essas intenções vindas do outro lado do Atlântico e com "pontes" na União Europeia, como parece ser vocação de VExa.?
2. Afirmações que, ao longo da sua sinuosa carreira política, tem feito sobre constituição e federalismo, levantam dúvidas sobre a sua posição actual.
Confirmaria, como Presidente da Comissão, o seu desacordo, de Maio de 2000, quanto a uma "Federação Europeia", ao "directório dos países centrais", ao "governo europeu", à "eleição de um Presidente europeu"?
3. A UNICE – "a voz dos negócios na Europa"! – congratulou-se e aplaudiu a nomeação de VExa. Não é apoio que se estranhe. Com o entusiasmo, e na embalagem da referência sempre demagógica à "estratégia de Lisboa" (de 2000), a UNICE chamou-lhe "presidente de Lisboa. A recente avaliação da Comissão sobre a aplicação desta estratégia, deve tornar incómoda essa referência. O governo de que VExa. se demitiu, em 14 indicadores, apenas em dois teve comportamentos positivos relativamente aos 15 Estados-membros: na taxa de emprego dos trabalhadores idosos e no investimentos em negócios enquanto teve dos piores resultados relativamente a taxa de risco de pobreza, à dispersão regional das taxas de desemprego, ao desemprego de longa duração, à frequência escolar.
Será este tipo de estratégia e de aplicação que se propõe trazer de Lisboa para a União Europeia?"
Esta foi, no Parlamento Europeu, uma "semana portuguesa", por a vinda de Durão Barroso para ser audicionado nos grupos políticos ter feito a nossa comunicação social estar omnipresente e muito se ter falado português e de Portugal.
Será uma vantagem desta candidatura, embora a forma como se concretiza possa ser perversa. Por exemplo: na hora da ida ao nosso grupo, António Vitorino marcou uma conferência de imprensa, para nada dizer ou para dizer nada, e os jornalistas debandaram da nossa sala; no que foi gravado e no que se transmitiu, houve quem não entrasse nas casas onde há aparelho de televisão. Alguém me viu?
Pois falei. No escassísimo tempo que tinha, fiz três perguntas, depois dos cumprimentos e... de vencer a dificuldade quanto ao vocativo.
"Senhor indigitado para presidente e compatriota,
1. Recentemente, em defesa de liberdades e garantias, o Parlamento Europeu tomou posição contra a tentativa de transmissão de dados pessoais aos Estados Unidos, pelas transportadoras aéreas, a pretexto de combate ao terrorismo. Sabidas as ligações de VExa. aos Estados Unidos, e tarefas de que se incumbiu no quadro da invasão e ocupação do Iraque,
está VExa. na disposição de ter em devida conta as muito sérias reservas e oposição do Parlamento quanto a essas intenções vindas do outro lado do Atlântico e com "pontes" na União Europeia, como parece ser vocação de VExa.?
2. Afirmações que, ao longo da sua sinuosa carreira política, tem feito sobre constituição e federalismo, levantam dúvidas sobre a sua posição actual.
Confirmaria, como Presidente da Comissão, o seu desacordo, de Maio de 2000, quanto a uma "Federação Europeia", ao "directório dos países centrais", ao "governo europeu", à "eleição de um Presidente europeu"?
3. A UNICE – "a voz dos negócios na Europa"! – congratulou-se e aplaudiu a nomeação de VExa. Não é apoio que se estranhe. Com o entusiasmo, e na embalagem da referência sempre demagógica à "estratégia de Lisboa" (de 2000), a UNICE chamou-lhe "presidente de Lisboa. A recente avaliação da Comissão sobre a aplicação desta estratégia, deve tornar incómoda essa referência. O governo de que VExa. se demitiu, em 14 indicadores, apenas em dois teve comportamentos positivos relativamente aos 15 Estados-membros: na taxa de emprego dos trabalhadores idosos e no investimentos em negócios enquanto teve dos piores resultados relativamente a taxa de risco de pobreza, à dispersão regional das taxas de desemprego, ao desemprego de longa duração, à frequência escolar.
Será este tipo de estratégia e de aplicação que se propõe trazer de Lisboa para a União Europeia?"
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