terça-feira, dezembro 07, 2004

Um amigo tranquilo

 A partir de certa altura, em Ourém, quando as férias terminavam, tornava-se difícil arranjar companhia para partilhar a passagem, porque muitos amigos iam estudar para outras terras.
Era aí que ganhavam importância aqueles que, obstinadamente, encontravam na sua terra, a razão de viver.
Um deles acompanhou-me naquelas noites frias pela ruas de Ourém dias sem conta. Jogávamos bilhar no Central, depois passávamos ao Grémio do Comércio.
Era uma pessoa muito tranquila com a qual de tudo se podia falar, pois sabia ouvir e sabia dar a sua opinião.
Um dia, deixei de o ter por companhia. Quando passava direito à casa da Rua de Santa Teresinha, via-o num escritório mais ou menos frente ao sítio onde era o café Parreirinha. Lá estava a aprender a viver, a fazer algo de útil, a fazer aquilo a que hoje chamaríamos, indignados, trabalho infantil, enquanto muitos de nós andávamos por ali a passar tempo.
Voltei a encontrá-lo muitas vezes e, também, no último Poço. Sei que vem muitas vezes ver este espaço e que conhece alguns posts pelo nome. Falámos sobre tudo isto e sobre a minha fixação no passado. De um modo tranquilo... mas com imenso gosto por recordarmos anos de uma saudável amizade que parece reforçada à medida que o tempo vai passando.

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