A menina da pescadinha congelada
Sábado, vinha do Central para o local onde habitualmente estaciono. De repente, um velhote pára diante de uma montra, tira um papel do bolso, levanta a bengala que trazia na outra mão apontando-a para o ar e começa a ler em voz alta. O texto era mais ou menos assim:
Sábado, vinha do Central para o local onde habitualmente estaciono. De repente, um velhote pára diante de uma montra, tira um papel do bolso, levanta a bengala que trazia na outra mão apontando-a para o ar e começa a ler em voz alta. O texto era mais ou menos assim:
Isto é uma confissão, não creiam que vou mentir, sinto uma nova paixão que não para de florir. Há uma loja em Ourém, com uma menina graciosa, é tão linda e, vejam bem, um bocadinho opiniosa. Tem uma carinha de anjo e uma voz bem pausada, fala em tudo e no arranjo da pescada congelada. Não paro de a ir ouvir, só pelo prazer de a olhar, ela olha-me intensamente, será que estou a corar? As noites são sofrimento e, imaginando-a noutros braços, aqui fica o meu lamento por não seguir os meus passos…Depois, rasgou a folha e seguiu o seu caminho na direcção da igreja. Fiquei boquiaberto, mas ainda consegui apanhar alguns pedaços. Decididamente, Ourém está cada vez mais romântica e de um romantismo que não tem idade.
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