Porta #10: O destino marca a hora
Que, mal nascemos, temos o destino marcado é verdade, não tenham dúvidas. Senão, porquê todos os sinais que recebemos antes da concretização?
Quando o Domingos veio ter comigo e com o Jó a perguntar se queríamos ir com ele a Leiria, no bólide negro, levar um pneu, nenhum de nós sonhou com a importância que aquela terra iria ter na minha vida. Também, não imaginámos a sórdida partida que a roda nos iria pregar...
Antes, esse destino já tinha sido anunciado com aquela expressão “Perdi-me”, em momento de exames, que um dos “pastores” tratou imediatamente de parodiar.
Depois, estadias e viagens tornaram-se constantes: a pé, de camioneta, à boleia...
O que existiria por lá para tantas vezes ser chamado?
Olhos cor de mel
Na minha terra houve uma batalha
Para lá fui no meu corcel
Levava o amor que me agasalha
Olhos cor de mel
Era um apelo irresistível
Queriam destruir o meu passado
Mas sou combatente temível
Ninguém me traça negro fado
E eis que ela me adoece
De tanta luta e labuta
E enquanto do martírio padece
As minhas palavras escuta
Lutei contra ricos e poderosos
Contra corruptos e mentecaptos
Denunciei autarcas horrorosos
Que só para a podridão são aptos
Chamei amigos à causa
Seus corações ficaram frios
Cheguei ao fim sem uma pausa
Todos voltaram aos seus navios
Ourém está igual ao que era
Mas tem estórias e memórias
Queria contá-las, quem me dera
Traíram-me por outras glórias
Derrotado, o meu corcel
Trouxe-me de volta à outra terra
Sem os olhos cor de mel
Ficaram no sítio da guerra
Mas lá voltei tantos dias
Triste da minha solidão
E as suas palavras macias
Deram-me de novo razão
Trouxe-a no meu corcel
Para a casa que ainda é nossa
Já tenho os olhos cor de mel
nada mais me fará mossa
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