quarta-feira, maio 16, 2007

Num simples e terrível facto, todo o mundo...

Turvam-se-me os olhos de emoção sempre que a televisão me traz o caso da pequena Madeleine. Por vezes, sou incapaz de ver outro programa, alienado que fiquei em tentar saber o que se passou com a menina e desejando que ela apareça o mais cedo possível.
Este caso, com um ser tão pequenino, teve entretanto a particularidade de trazer ao de cima tantos elementos que caracterizam hoje a nossa sociedade. Senão vejamos:
- a dominante económica: ela veio ao de cima com as preocupações relativas às consequências para o turismo, com a campanha Allgarve; cínicamente, o início foi marcado por palavras neste sentido.
- a bondade tradicional dos portugueses: expressa em toda a solidariedade em torno dos pais, envolvendo-os em acompanhamento espiritual, por vezes procurando-os para lhes entregar objectos de culto.
- a solidariedade de figuras importantes: foi a grande surpresa fechado que estou no padrão de comportamento do sul da península; nunca me passou pela cabeça a possibilidade de alguém oferecer recompensas como aquelas que tenho ouvido falar.
- a desconfiança: viriam todas do coração?; estariam isentas de manobras de autopromoção?
- o oportunismo de pró-mediáticos: como é possível algum pretenso criminalogista vir tecer atoardas alto e bom som sobre a vida sexual de alguém num tom que não deixa dúvida e quase bate nos que o põem em causa?
- a exploração das audiências: dias e dias em que era deixada a ideia de que algo estaria para ocorrer que seria dito mais tarde e afinal, perto da meia-noite, a esperança esvaziava-se...
- a dificuldade de reação: a sociedade portuguesa, como sociedade aberta, tem de arranjar uma forma de responder iumediatamente a casos como estes ou mesmo de fazer mais para os evitar; a tradicional espera para ter a certeza, a mentalidade do “tomar conta da ocorrência” aqui estiveram mais esbatidas mas ainda são dominantes e isso não se pode manter perante a complexização de evolução da composição da população presente ou residente...
- a sobranceria britânica: como sempre, são os melhores, o que os outros fazem não presta; isto são resquícios do império, são ainda vontade de se impor à escala mundial... mesmo à custa de pseudo-verdades...
E fico por aqui, sem a preocupação me abandonar: será que vai aparecer hoje?Viva e cheia de saúde? Seria bom...

2 comentários:

Anónimo disse...

Que boa análise!!!
Conseguiste transmitir para o "papel" as preocupações de muitos, incluindo eu.
écse

Rosa dos Ventos disse...

Concordo com tudo o que dizes.
Vivo a dor de ter perdido um filho mas não saber o que aconteceu é, se possível, ainda pior!

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