Na pequena aldeia, as pessoas tinham uma vida humilde, mas reviam-se no seu espaço e na sua convivência que para elas se tornou uma referência. Nenhum dos que por lá passaram a esqueceu.
Um dia, a cidade onde era a pequena aldeia foi tomada pelo rei laranja. E logo a descaracterização começou. Formidável prédio que não respeitava as mais elementares normas de urbanismo avançou sobre o largo que era o centro da pequena aldeia e a todos sufocou, escureceu e humidificou a existência. Alguns reagiram. Mas a chegada de tão indesejado vizinho logo fez lembrar a muitos os benefícios da especulação.
O que era emanação de tribunal deixou de se cumprir. O rei laranja em breve fez os seus cortesãos elaborar e aprovar normas em que o ilegal correspondia ao que lá estava há décadas. Apreciem este trecho retirado do Crónicas recentes da cidade menor: “corrigir agora o erro como deve ser não é gastar recursos públicos a demolir um prédio que está no sítio certo e com a altura certa, mas sim retirar as casas que estão no sítio errado...”.
Acabou-se a esperança. O rei laranja virou o bico ao prego. O formidável mamarracho não virá abaixo, não recuará para os limites onde era o Albergue da Dona Aurora. A aldeia, essa, será certamente arrasada.
1 comentário:
Das pessoas de vida humilde dizem que não reza a história.Mas,a história também e feita dessa gente.
O rei laranja, tomou a cidade onde era a pequena aldeia e logo ditou as suas leis.A esperança pode ter acabado, podem as pessoas humildes ter perdido mais uma batalha, mas destas humildes familias surgirá certamente um voto perdido para os ainda poucos rebeldes que tomarão de novo a cidade.
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