segunda-feira, janeiro 14, 2008

O quiosque

Há dias, em paragem junto do senhor Manuel Cartucho, ele, na sabedoria que tão longa idade lhe confere, afirmou: “Olhe, meu amigo, acredite no que lhe digo. Mal passe de ano, desaparecem metade das empresas do país”. Não sei se a estatística dele estará ou não correcta. A verdade é que, aqui para a minha zona de trabalho, o desaparecimento de pequenas lojas tem sido avassalador.
Agora, foi o simpático quiosque dos jornais. Naquele sítio, onde paramos todos os dias, onde há sempre mais uma palavra de quase amizade, não se encontrou viabilidade para prosseguir. E, um dia, chegaram a dizer-me: “Fechamos e não temos quaisquer perspectivas sobre o que vamos fazer”. Quer dizer, é preferível fechar do que fazer qualquer coisa mesmo que, teoricamente, esta deixe margem...
Bem pode São Cavaco pregar contra o crescimento das desigualdades. Estas reforçam-se todos os dias como resultado directo de uma política que tem o foco nas pessoas como principal inimigo. À pauperização absoluta da grande maioria dos portugueses, a que temos vindo a assistir, só pode seguir-se a continuação da espiral de pauperização até que leve à ruína e inação todos aqueles cujos rendimentos se baseiam na actividade local. É uma espécie de contradição criação * realização do valor. Quando tudo terminar, o senhor Ministro poderá orgulhosamente ufanar-se frente às câmaras: “Meus amigos, conseguimos a vitória final: o défice é zero%!”.

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