Eis-me de novo na Cidade da
Luz, e a minha primeira sensação é de desgosto. Tudo me parece insuportável: o
cinzento das ruas e dos edifícios, as mulheres vestidas de gala, as conversas
que ouço por acaso no boulevard Saint-Michel e na avenue d'Orléans, as
lembranças assaltam-me por todo o lado. Senti-me triste e assustada. Recordei
os sentimentos, as emoções e os pensamentos e fiquei triste porque não
regressam. Eram fruto da despreocupação da juventude e sei que não voltarão.
Mas que pena já não poder pensar, sentir e ver como antes. A vida passa e é
realmente triste. Triste porque Arosa foi apenas um momento de passagem, um
lugar transitório. Em Arosa ainda estávamos perto de Cracóvia, enquanto em
Paris tudo é definitivo e sem esperança. Separados. Nós, meu querido, estamos
separados. E é tão doloroso para mim. Sei muito bem, sinto que nunca mais
voltarás aqui. E ao rever estes lugares tão familiares percebi claramente, como
nunca, o lugar gigantesco que ocupaste na minha vida quando estávamos juntos em
Paris. Tudo o que fazia estava ligado por mil fios ao meu pensamento em ti. Não
estava apaixonada, é certo, mas já te amava. Hoje, como então, poderia
renunciar aos teus beijos se pudesse voltar a falar contigo, só algumas vezes.
Para mim, seria uma alegria e não faria mal a ninguém. Porque me impediste?
Perguntas-me se estou zangada pela tua decisão de romper. Não, porque penso que
não foste tu a desejá-lo.
Sem comentários:
Enviar um comentário