Amor de perdição
Teresa desespera
Era noite de quinta-feira. No velho cine-teatro, mais uma vez ia ter lugar a exibição do filme “Amor de Perdição” baseado no romance com o mesmo nome de Camilo. Os espectadores não se podiam queixar: ainda na semana anterior se tinham deliciado com a maravilhosa história de Sissi interpretada pela bela Romy Schneider.
Agora, com uma calma apenas aparente, o que disfarçava uma certa ansiedade, as damas, as meninas e as sopeiras encontravam os seus lugares na sala. Algumas iam cheias de lenços para carpir até ao infinito os amores não consumados a que estavam para assistir.
Ouve-se o sinal de início. As belas cortinas verdes são fechadas...
Umas choram outras tentam disfarçar.
Foi mais uma noite dramática no cine-teatro da vila. A todos custa abandonar o lugar. Todos queriam que o desfecho fosse diferente. Por que seriam tão marcadas aquelas diferenciações sociais? Curiosamente não questionavam a diferenciação que ali se via: sopeiras na geral, meninas na plateia e balcão, damas no camarate, mas sim aquela que o filme lhes tinha trazido. É sempre mais fácil contestar a realidade encenada do que aquela que nos é dado viver...
Teresa desespera
Era noite de quinta-feira. No velho cine-teatro, mais uma vez ia ter lugar a exibição do filme “Amor de Perdição” baseado no romance com o mesmo nome de Camilo. Os espectadores não se podiam queixar: ainda na semana anterior se tinham deliciado com a maravilhosa história de Sissi interpretada pela bela Romy Schneider.
Agora, com uma calma apenas aparente, o que disfarçava uma certa ansiedade, as damas, as meninas e as sopeiras encontravam os seus lugares na sala. Algumas iam cheias de lenços para carpir até ao infinito os amores não consumados a que estavam para assistir.
Ouve-se o sinal de início. As belas cortinas verdes são fechadas...
Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, quer que esta case com seu primo Baltazar Coutinho, intenção partilhada por este. Simão mata Baltazar, sentenciando a impossibilidade de reunião com a amada. Teresa vai para um convento e Simão é condenado ao exílio. Mariana, filha de João da Cruz, o ferreiro moralmente endividado com o magistrado Domingos Botelho, pai de Simão, devota-se a deste até ele morrer de doença e amor. Morto e atirado ao mar Simão, Mariana segue o destino do seu amado, levando com ela as cartas que ele trocara com Teresa...Que desespero! Que maus eram aqueles pais...
Umas choram outras tentam disfarçar.
Foi mais uma noite dramática no cine-teatro da vila. A todos custa abandonar o lugar. Todos queriam que o desfecho fosse diferente. Por que seriam tão marcadas aquelas diferenciações sociais? Curiosamente não questionavam a diferenciação que ali se via: sopeiras na geral, meninas na plateia e balcão, damas no camarate, mas sim aquela que o filme lhes tinha trazido. É sempre mais fácil contestar a realidade encenada do que aquela que nos é dado viver...
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