Pico Ruivo
Todo o verão amontoei pedras e as dispersei
vigiava nuvens e sombras pelas fajãs
a mesma solidão perigosamente
transcrita naquele cinzento avermelhado
sob as escamas do céu
urzes sobrevivendo à dura estação
duas ou três cabras, uma tenda
túneis, atalhos, águas geladas
por aí nos conduz a travessia
a folha e a flor pertencem ao vento
um olhar (ainda o meu?) persegue-as entretido
na grande subida
mais abaixo, quando principiava a vereda
manchas de líquenes cobriam de igual modo
o nome dos lugares onde iremos
e dos lugares onde não chegaremos
Tolentino de Mendonça
(mais poemas deste madeirense)
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