quarta-feira, junho 27, 2007

Fascínio de dragaüm

Dizem-me que um senhor do dragão, um apaixonado da grande música, quis construir um espaço onde pudesse desfrutar esse prazer. Para isso, obteve apoios do poder político, mobilizou as parcas posses das empobrecidas massas populares e, após grandes derrapagens de prazos e finanças, a obra viu a luz do dia.
Não foi egoísta. Permitiu a sua frequência pela plebe, embora os grandes acontecimentos fossem moderados pela capacidade de cada um.
Lá dentro, avisaram-me desde logo que as visitas guiadas tinham terminado. Tinha chegado demasiado tarde apesar de me ter parecido três estaçoes de Metro antes que elas se realizariam hora a hora por todo o dia. Mas permitiram-me uma visita em livre circulação. Que também aprecio muito.
Fui por ali dentro portador do fascínio que o lugar em si me trazia. Espreitei. Apreciei. Uma porta entreaberta convidava a entrar e não deixei de o fazer. Cheguei a um enorme auditório. Lá ao fundo, três jovens ensaiavam alguns sons que enchiam o espaço


Deixei-me estar por ali. Tudo parecia que me pertencia pois não tinha concorrência na audição. Sozinho contemplava embevecido e o som descansava-me da caminhada feita até àquele momento. O que gastara para ali chegar, o que o motivara, já não era importante. Desde o primeiro dia, eu tinha querido estar ali e finalmente parecia que aquele espaço me pertencia completamente.

3 comentários:

Anónimo disse...

Excelentes apontamentos de viajante.
Boa.
... e obrigado

Rosa dos Ventos disse...

Também gostei muito da Casa da Música!
É dela que estás a falar, não é?

Lobo Sentado disse...

Exacto, WindRose.
Talvez estivesse um bocadinho sujinha, mas, para o Porto, o grau de limpeza já não era mau. Achei um pouco bizarro o acesso interior a não facilitar muito a vida aos que vêem pior...

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