quinta-feira, março 13, 2008

Luís Euripo, grande campeão oureense?

Já se sabe por que razão grande parte dos nomes dos nossos heróis dos anos 50 e 60 foram aportuguesados: a salazarenta legislação a isso obrigou. Mas a verdade é que, neste caso, há algo mais: Luís Euripo foi apresentado como o grande campeão português o que indicia que tal transformação não se realizou apenas quanto ao nome.
Sendo Luís Euripo português, é legítimo perguntar se ele não seria oureense? É que, durante anos consecutivos, para entusiasmo do pessoal do meu tempo, ele aparecia sem falha às quintas-feiras pelas 10 da manhã no Café Central levando a monumental aglomeração de admiradores que desejavam imitar os seus golpes bem fortes.
A verdade, é que isto não se passava exclusivamente em Ourém, pelo que ou o Luís tinha o dom da ubiquidade ou vinha travestido noutra forma qualquer... E, efectivamente, vinha em papel formato A4 por vezes colorido.
Para completar a informação sobre esta figura e acabar definitivamente com a confusão, vejamos o que nos diz a Mania dos Quadradinhos sobre este amigo:

Big Ben Bolt, que em português surgiu com o nome de Luís Euripo, devido a uma imposição de as personagens serem publicadas em Portugal com nomes portugueses, coisas do regime político que vigorava em Portugal nesses tempos, foi criado pelo argumentista Elliott Caplin, irmão de um grande desenhador, Al Capp, e pelo desenhador John Cullen Murphy, cuja maior notoriedade seria atingida ao suceder a Hal Foster na série Prince Valiant (Príncipe Valente entre nós), tendo feito a sua estreia a 20 de Fevereiro de 1950, com distribuição da King Features Syndicate, deixando finalmente de publicar-se em 1978.

Muito embora a série sobre boxe com maior sucesso tivesse sido Joe Palooka (o «nosso« Zé Sopapo, a que aqui já nos referimos), Big Ben Bolt conseguiu obter a preferência de muitos leitores, sobretudo os que apreciavam um desenho mais realista e personagens com maior profundidade psicológica. O seu nome dever-se-á, tanto quanto se sabe, a um poema de Thomas Dunn English intitulado Ben Bolt, que terá dado origem a outra personagem dos comics com este nome, muito antes da obra de Caplin e Murphy. Mas o principal personagem desta série não entrou nos estereótipos do que era habitual num lutador de boxe. Possuía um diploma universitário, e o boxe não era apenas uma forma de ganhar dinheiro, praticando-o unica e simplesmente porque gostava. Quando deixou de poder fazê-lo, devido a uma lesão, o que aconteceu por volta de 1955, acabou por enveredar pela carreira de jornalista, que durante muitos anos foi o principal assunto da acção da série.

John Cullen Murphy desenhou esta série desde o seu início, com a ajuda de vários ajudantes, entre os quais se contam Al Williamson (um dos desenhadores de Flash Gordon), Alex Kotzky (desenhador de Apartment 3-G), Neal Adams (desenhador de Deadman, entre outros), John Celardo (um dos desenhadores de Tarzan), Stan Drake (que desenhou a série The Heart of Juliet Jones, publicada entre nós n'O Primeiro de Janeiro como O Coração de Julieta e também Blondie), mas ao assumir o desenho de Prince Valiant acabou por abandonar Big Ben Bolt, que passou para as mãos de Gray Morrow, o nome que surge na série a partir de Agosto de 1977 até ao seu final um ano depois, já que o interesse por esta temática tinha vindo a esmorecer ao longo dos anos.

Amigo oureense, esteja atento a valiosa oferta relacionada com o percurso de Luís Euripo a campeão mundial na década de 50 que, amanhã, em rigoroso exclusivo, o OUREM lhe trará...

2 comentários:

Sérgio Ribeiro disse...

Olá, Luis!
É curioso como a diferença das nossas idades se encurta com Luises Euripos e outros personagens da banda desenhada, então histórias aos quadradinhos.
Agora essa do L.E. ser oureense é bem achada.
Mas, para mim, há outros personagens de banda desenhada oureenses... só que nunca foram desenhados!
Um abraço

Lobo Sentado disse...

Caro Sérgio,
esses de que falas são um tormento constante...
mas olha que eu acho que o OUREM já fez uns desenhos com eles no "Golden City, cidade sem lei". Bom, não tinham aquela sequência para dar uma estória à antiga. Mas os ditos também não conseguem despertar a empatia de ninguém, pelo que são sempe um perigo para as audiências.
Um abraço

Luis

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