sexta-feira, agosto 12, 2005

Por Ourém

A noite está quente, magnífica. Oiço os grilos ou os ralos, não sei, e, lá ao longe, latidos de cães.
Revejo fantasmas que me acompanharam noutros tempos. Recordo as conversas, as brincadeiras, as caminhadas. Aquela rua, onde agora circulam automóveis, antes nem alcatrão tinha. Dava para as bicicletas e para os animais.
Porque é que o progresso é tão deprimente? Cada coisa que nos traz esconde perdas que nos são irreparáveis.
O céu, as estrelas...
Lá ao longe, vejo o castelo. Agora até iluminação tem. Através das luzes, consigo adivinhar a estrada que vai de Ourém até ele. É uma vista de privilégio, algo que o exterminador ainda não conseguiu destruir. Todo o ano fechado na Parede com os vizinhos a entrarem-me pela casa dentro e aqui uma indiscritível possibilidade de fruição. Que Ourém me oferece...
Ainda consigo ver o espaço onde andavam todos. Às vezes até tenho a ilusão que estão ao pé de mim.
Por isso, Ourém é valor.

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