sábado, setembro 17, 2005

O retrato de Françoise Hardy



Pensamos que ninguém nos conhece.
Andamos descontraídos por Ourém e, de repente, alguém pára ostensivamente à nossa frente.
- Não me conheces?
Claro que a conheci logo.
A Lena. A miúda mais espevitada do Fernão Lopes, cujo pai, com uns 80 anos, ainda se deslocava por Ourém numa espécie de bicicleta com um pequeno motor.
Sempre sentadinha na primeira fila com muita atenção às aulas. Mas...
Um dia, teve o arrojo de interromper uma aula, virar-se para a turma com um disco na mão e...
- Sabem quem é? A Françoise Hardy... Gira, não é?
Sempre irreverente, ela prosseguiu:
- Este retrato tem um segredo: todos os que o viram neste momento manterão o mesmo espírito e forma e todos os seus pecados e dislates serão absorvidos por ele. Assim, quem envelhecerá será o retrato e nós ficaremos eternamente jovens...
Perante isto, só podemos dizer: Lena, mostra-nos o retrato da Françoise. Ou será que já o perdeste? É que eu sinto-me cada vez mais velho...

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