A grande desilusão
Um dia, junto ao tanque das banhocas da trupe, o pai do Rui fez-me a sacramental pergunta frente aos outros:
- Então, Luís, e vai estudar para ser o quê?
Eu sabia lá, embevecido que andava com estórias de cowboys. Nenhuma profissão daquela gente de fatos cinzentos ou das de fato macaco me seduzia. Imaginava-me cavaleiro solitário de viola na mão ou como pistoleiro em cidade selvagem para a qual traria a ordem ou galanteador perante aquelas fabulosas meninas que se cruzavam no caminho do Cisco ou de outro dos nosso heróis.
Mas que havia de responder? Eu sempre abusei da sinceridade em momentos críticos como este.
- Eu quero ir para a América para ser cow-boy.
Ficaram de boca aberta.
- Mas já não há cow-boys hoje...
- Não há. Mas eu vejo-os nos livros e no cinema.
- Mas o que lá vê passou-se há quase cem anos ou mais. Agora o mais que lá encontrará serão alguns ranchos e o tratamento de gado...
Fiquei de todo. Lá se foram os meus sonhos... como era possível todas as ilusões irem por água abaixo de um momento para o outro.
Nessa noite, passaram pela minha frente todas essas figuram que tanto me diziam...
2 comentários:
Oh, que pena Luís!
Que grande pistoleiro se perdeu...
Agora percebo porque estás sempre pronto para mandar uns tirinhos (melhor dizendo, setas envenenadas) a quem te "chateia".
E querias ser do grupo dos "bons" ou dos "maus"?
Mas quem és tu, anónima criatura, para assim desafiares a minha ira?
Serás alguma daquelas garinas que eu teria gostado de cortejar, por exemplo, parecida com a que está a cavalo com aquele arzinho bem responsável, a número quatro daquelas meninas?
Quanto a tirinhos e setas envenenadas, acredita que eu sou escrupuloso respeitador da lei e da ordem e,se te mandasse alguma farpa, ela trespassaria o teu coração. Por isso, acautela-te...
Enviar um comentário