Sem fundos, mas com fundilhos e bandeira à janela

Foram várias as ocasiões em que tive de lidar com esta situação, recordo especificamente duas...
Quando vim estudar para Lisboa, os recursos eram mais do que escassos e o gosto pelo cinema imenso. À minha volta, isto é, alcançável a pé, havia umas quatro salas de espectáculos: o Cinearte, o Chiado Terrasse, o Jardim cinema e o Paris... quase todas elas especializadas em dar dois filmes de uma assentada a preço reduzido. O Jardim era notável pelas suas cadeiras, em verga, dando um ar de esplanada à permanência no mesmo, fazendo-me lmbrar a fabulosa adega do Filipe carteiro. Mas o mais famoso era o Paris, pobrezinho, conhecido por Piolheira, imaginam os meus amigos porquê...
Mais tarde, já em plena vida profissional, o ISEG utilizou, na Rua Buenos Aires, as antigas instalações do Instituto Industrial. Nem sonham os meus amigos o que aquilo era. Monumental degradação, nem se sabia quando as tábuas do chão se iriam desfazer sob os nossos pés...
Apesar de tudo, em ambos os casos foi possível a produção com alguma qualidade.
E porquê esta introdução?
Já se sente no ar a subida do Juventude à primeira divisão. Uma equipa pobre, sem recursos e a operar em miseráveis condições já que os investimentos efectuados pela autarquia anteriormente foram para encher o olho ao eleitor, os bolsos ao construtor e não para satisfazer eventuais necessidades derivadas de previsíveis acontecimentos. Ao que me consta, há um pavilhão de luxo no Caneiro, mas que não serve para a prática profissional da modalidade.
Curiosamente, sempre tão pródiga neste tipo de análises, a nossa gestão autárquica parece ver mais a subida do Juventude como uma ameaça do que como uma oportunidade. Está mais que relatada e falada a atitude do presidente David...
Seja qual for o contexto em que se dê a eventual participação do Juventude, ela será enriquecedora para os atletas, para o clube e para o concelho. Esperemos, por isso, que garantido o equipamento, o meio de transporte e as deslocações, os atletas não se sintam frustados com a indefença dos eleitos para servir o povo e encarem essa participação com o entusiasmo necessário para deixar a camarilha de boca aberta e dar monumental ensinadela ao SLB, ao FCP, ao Infante de Sagres e outros que se atrevam...
Por fim, na linha de Scolari, mas sem os sumptuosos (e vergonhosos perante a crise proclamada para o país) gastos que estão associados à selecção de vedetas que vai ao Mundial, quase que me atrevia a convidar todos os oureenses para porem uma bandeira do Juventude à janela.