quinta-feira, julho 20, 2006

Da falésia organizada aos tomates para presunçosos

O carro ficou no estacionamento grátis, apesar de não se pôr de lado a oportunidade de usar o estacionamento organizado, alinhado, sombreado, mas pago...
Passar por uma pequena ponte, onde alguns dias depois haveria de se cruzar com o senhor ministro, chegar a caminhos desenhados em madeira, percepcionar a situação, foi acto de instantes...
- Vamos para a direita...
Havia uns cinco ou seis conjuntos de palhotas e zonas para chapéus.
Quase na última, o espaço pareceu aceitável.
- Ali não está ninguém e faz-se o negócio dos barcos ninguém nos vem chatear...
Ah! Pois não...
- Vou andar.
Ela ficou a guardar as massas e a caminhada teve início para a direita. Pés na água, um pouco fria a tentar corrigir as deformações das varizes, esforçar um pouco, andar, andar, andar...
Lá ao fundo começou a surgir mais uma estrutura com palhotas e chapéus. Que seria aquilo? Nada tinha de melhor que a anterior, aliás havia sítios em que os chapéus chegavam até à água.
“Esta gente é doida”
Mas que seria aquilo?
O empregado do bar tirou as dúvidas:
- É a praia dos Tomates...
Aquela era a célebre praia dos Tomates? Dos famosos, do Guterres, do Pôncio...
Que bimbice! Todos com a mania que eram muito importantes e que conduziam em todo o terreno...
Regresso...
Mais água nas pernas a acompanhar a caminhada...
O pensamento a passar por Ourém e por outras paragens...
“O David? É daqueles que faz obra... detestável, mas faz, embora aquilo nada tenha a ver com a cultura adquirida. Uma espécie de ditador a quem ninguém se atreve a contrariar. Decerto muita gente não concorda com o que faz. Mas não o contrariam. Têm medo de perder os seus favores.”
Chegada ao ponto de origem. O espaço já estava bem mais ocupado. Noutros tempos, noutras paragens, uma distância com menos de trinta metros relativamente a outros utentes era vista com maus olhos. Ali disputava-se todo o centímetro. A pequena brecha que ainda restava para caminhar na direcção do mar acabou por ser ocupada por um trio. Ele esteve quase 10 minutos a fazer festas ao chapéu de Sol a tentar espetá-lo no chão, elas, a loira e a morena, estenderam as toalhinhas viradas para o sol num pequeno espaço que mais parecia estarem a cheirar o chulé do parceiro mais próximo...

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