A minha paixão pelas Bases de Dados e pelo SQL acompanhou-me até para além da vida profissional. Cabe dizer que, paralelamente ao emprego na CNP e Carris, eu lecionava na escola que atualmente se designa por ISEG. Disciplinas relacionadas com o Marxismo entre 1975 e 1978, depois disciplinas na área de Informática e, por fim, relacionadas com Economia.
Ao contrário do que pensam, a situação era muito cómoda especialmente nas décadas de 80 e primeiros anos de 90. A especialização em Informática era um ativo precioso e os contratos estavam sistematicamente garantidos.
Mas não era fácil o relacionamento de um indivíduo com sensibilidade à Informática com outros docentes numa escola de Economia. Um dia escandalizei os meus colegas numa disciplina designada de Economia Aplicada quando afirmei que o economista devia tanto preocupar-se com o tratamento dos dados como com a forma como estes eram organizados, pois isto condicionaria o tratamento posterior. E bateram-me, bateram-me, bateram-me com a discussão do «core» do negócio…
Mas quando isto se passou já estava bem lançado. Na Carris tinha sido responsável pela transformação de um processamento exclusivamente em batch para tratamento interativo. Não tinha sido fácil num momento em que o termo «resistência à mudança» ganhou todo o sentido. Os programadores antigos, donos das aplicações, não colaboravam ou colaboravam com dificuldade e especializei-me na técnica de saca-rolhas. Propor, mostrar, ouvir, modificar… bolas! Que paciência era necessária!
E, cá por fora, falava-se em «arquitetura de sistemas de informação». Que bonito! Os analistas de informática promovidos a arquitetos. Havia muita vaidade nesta designação, mas lá fui interiorizando cada vez mais os conceitos que viam um sistema de informação como algo que deve ser estudado previamente, pensado para toda uma organização, capaz de a transformar. Até sonhava com o famigerado «Modelo Entidade-Associação» que passou a perseguir-me para todo o lado.
E as dificuldades na Carris eram tantas para mudar a organizar e implementar coisas novas que um dia corri atrás de um projeto de transição para um sistema transacional numa empresa como a Shell.
Não pensem que a resistência à mudança tinha acabado. Eu acho que até foi pior tal o ambiente que encontrei. Pessoas habituadas a trabalhar numa maquineta que funcionava em RPG a terem de transitar para um sistema de informação suportado em Bases de Dados… «Se queres saber alguma coisa, descobre tu…».
Aqui, para colaborar nos projetos, tinha elementos de empresas de serviços. Empresas que, como calculam, tinham uma agenda própria, pagas a peso de ouro e que queriam sobrepor-se ao interesse da organização que as contratava. Não foi fácil esse relacionamento muitas vezes deteriorado pelo «dizer mal…»... e pela minha mania de querer implementar eu aquilo que os outros deviam fazer. Resultado: fogo permanente.
Apesar do muito que sofri para chegar às coisas, foi uma época que deu gozo pela exploração que pude fazer do SQL. Quando uma aplicação demorava demasiado tempo a implementar, arranjava uns remendos em SQL. Demoravam algum tempo a executar, mas estavam prontos imediatamente. Fazia o que na gíria se chamava "uma martelada". E dei tanta martelada que alguns colegas ofereceram-me um martelo para ornamentar a secretária.
A raiva contra mim foi de tal ordem que um dia o responsável informático da petrolífera determinou «não pode ser utilizada em exploração a ferramenta SQL». Proibir, proibir era a palavra que aqueles burros conheciam para fazer a vontadinha às empresas de serviços...
Comecei a fartar-me. Afinal, a vidinha parecia tão calma para os lados do ISEG… Havia uns mestrados tão giros para frequentar que poderiam garantir ascensão na carreira docente.
E, um dia, embora empurrado, disse adeus à carreira como “arquitecto de sistemas de informação”. Nem calculam o alívio…
Ao contrário do que pensam, a situação era muito cómoda especialmente nas décadas de 80 e primeiros anos de 90. A especialização em Informática era um ativo precioso e os contratos estavam sistematicamente garantidos.
Mas não era fácil o relacionamento de um indivíduo com sensibilidade à Informática com outros docentes numa escola de Economia. Um dia escandalizei os meus colegas numa disciplina designada de Economia Aplicada quando afirmei que o economista devia tanto preocupar-se com o tratamento dos dados como com a forma como estes eram organizados, pois isto condicionaria o tratamento posterior. E bateram-me, bateram-me, bateram-me com a discussão do «core» do negócio…
Mas quando isto se passou já estava bem lançado. Na Carris tinha sido responsável pela transformação de um processamento exclusivamente em batch para tratamento interativo. Não tinha sido fácil num momento em que o termo «resistência à mudança» ganhou todo o sentido. Os programadores antigos, donos das aplicações, não colaboravam ou colaboravam com dificuldade e especializei-me na técnica de saca-rolhas. Propor, mostrar, ouvir, modificar… bolas! Que paciência era necessária!
E, cá por fora, falava-se em «arquitetura de sistemas de informação». Que bonito! Os analistas de informática promovidos a arquitetos. Havia muita vaidade nesta designação, mas lá fui interiorizando cada vez mais os conceitos que viam um sistema de informação como algo que deve ser estudado previamente, pensado para toda uma organização, capaz de a transformar. Até sonhava com o famigerado «Modelo Entidade-Associação» que passou a perseguir-me para todo o lado.
E as dificuldades na Carris eram tantas para mudar a organizar e implementar coisas novas que um dia corri atrás de um projeto de transição para um sistema transacional numa empresa como a Shell.
Não pensem que a resistência à mudança tinha acabado. Eu acho que até foi pior tal o ambiente que encontrei. Pessoas habituadas a trabalhar numa maquineta que funcionava em RPG a terem de transitar para um sistema de informação suportado em Bases de Dados… «Se queres saber alguma coisa, descobre tu…».
Aqui, para colaborar nos projetos, tinha elementos de empresas de serviços. Empresas que, como calculam, tinham uma agenda própria, pagas a peso de ouro e que queriam sobrepor-se ao interesse da organização que as contratava. Não foi fácil esse relacionamento muitas vezes deteriorado pelo «dizer mal…»... e pela minha mania de querer implementar eu aquilo que os outros deviam fazer. Resultado: fogo permanente.
Apesar do muito que sofri para chegar às coisas, foi uma época que deu gozo pela exploração que pude fazer do SQL. Quando uma aplicação demorava demasiado tempo a implementar, arranjava uns remendos em SQL. Demoravam algum tempo a executar, mas estavam prontos imediatamente. Fazia o que na gíria se chamava "uma martelada". E dei tanta martelada que alguns colegas ofereceram-me um martelo para ornamentar a secretária.
A raiva contra mim foi de tal ordem que um dia o responsável informático da petrolífera determinou «não pode ser utilizada em exploração a ferramenta SQL». Proibir, proibir era a palavra que aqueles burros conheciam para fazer a vontadinha às empresas de serviços...
Comecei a fartar-me. Afinal, a vidinha parecia tão calma para os lados do ISEG… Havia uns mestrados tão giros para frequentar que poderiam garantir ascensão na carreira docente.
E, um dia, embora empurrado, disse adeus à carreira como “arquitecto de sistemas de informação”. Nem calculam o alívio…
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