Lembro-me que, na instrução primária, uma tática utilizada pela professora para reforçar o amor mútuo entre alunos era pôr os que acertavam uma pergunta a dar umas reguadazinhas aos colegas que erravam… e o sistema era maquiavélico, porque, se algum não desse a reguada com um mínimo de força, era ele quem levava depois das mãos da professora.
Eu era dos que mais era chamado a dar a reguadazinha, mas, como era boa pessoa, tratava todos os colegas com suavidade, todos ou quase todos. Mas havia uma ou duas meninas da nossa turma que eram terríveis. Uma era a Borda d’Água e outra a menina dos Castelos. Um desgraçado que levasse uma reguada delas já sabia que tinha de pôr a mão de molho durante três ou quatro dias, pois eram impiedosas, batiam com raiva… só lhes faltava pôr pregos na extremidade da régua.
E um dia calhou-me levar três reguadas dadas pela Borda d’Água. Tinha errado uma pergunta sobre os rios de Portugal e, no entretanto, ela tinha visto a resposta no livro e oferecera-se para responder ganhando o direito de me punir.
Vi-a chegar junto de mim com a régua na mão…
- Estende a mão…
Que me iria acontecer? Olhei para ela e o ar dela não denunciava um mínimo de piedade…
- Leninha, sê suave!!!
- Eu te digo… ainda há dias me torturaste com cinco reguadas.
Eu já nem me lembrava…
Lá estendi a mão, ela levantou o braço, fez a régua ficar quase perpendicular ao chão, cabeça para trás quase em posição de mortal e aplicou o primeiro golpe.
-Ai!!!!!!
Todos a contemplarem o belo espetáculo, inclusivamente a professora que, assim, nem tinha o trabalho de nos castigar. Acho que alguns até se arrepiaram.
- Malvada! Se te apanho a jeito…
Segunda reguada ainda com mais força. A menina dos Castelos ria que nem uma perdida, cheia de pena por não ser ela a aplicar o castigo.
Até que chegámos à última reguada…
- Agora é que vais ver – dizia a Lena entre dentes.
Vi que o seu olhar não estava para brincadeiras. Ela repetiu os gestos anteriores, trouxe o braço até mais atrás e desferiu sobre a minha mão.
Desferiu…
… só que a mão já lá não estava. E, sem algo para lhe amparar o movimento, a Lena estatelou-se no chão e a régua fez-se em mil pedaços. Os minutos seguintes foram passados a dar-lhe assistência. Que coisa estranha se passara para ela cair no chão se eu nem me mexera?
Acho que ela aprendeu. A partir de então tornou-se a pessoa mais suave a aplicar os castigos que, pelo direito vigente, caberiam à professora.
Eu era dos que mais era chamado a dar a reguadazinha, mas, como era boa pessoa, tratava todos os colegas com suavidade, todos ou quase todos. Mas havia uma ou duas meninas da nossa turma que eram terríveis. Uma era a Borda d’Água e outra a menina dos Castelos. Um desgraçado que levasse uma reguada delas já sabia que tinha de pôr a mão de molho durante três ou quatro dias, pois eram impiedosas, batiam com raiva… só lhes faltava pôr pregos na extremidade da régua.
E um dia calhou-me levar três reguadas dadas pela Borda d’Água. Tinha errado uma pergunta sobre os rios de Portugal e, no entretanto, ela tinha visto a resposta no livro e oferecera-se para responder ganhando o direito de me punir.
Vi-a chegar junto de mim com a régua na mão…
- Estende a mão…
Que me iria acontecer? Olhei para ela e o ar dela não denunciava um mínimo de piedade…
- Leninha, sê suave!!!
- Eu te digo… ainda há dias me torturaste com cinco reguadas.
Eu já nem me lembrava…
Lá estendi a mão, ela levantou o braço, fez a régua ficar quase perpendicular ao chão, cabeça para trás quase em posição de mortal e aplicou o primeiro golpe.
-Ai!!!!!!
Todos a contemplarem o belo espetáculo, inclusivamente a professora que, assim, nem tinha o trabalho de nos castigar. Acho que alguns até se arrepiaram.
- Malvada! Se te apanho a jeito…
Segunda reguada ainda com mais força. A menina dos Castelos ria que nem uma perdida, cheia de pena por não ser ela a aplicar o castigo.
Até que chegámos à última reguada…
- Agora é que vais ver – dizia a Lena entre dentes.
Vi que o seu olhar não estava para brincadeiras. Ela repetiu os gestos anteriores, trouxe o braço até mais atrás e desferiu sobre a minha mão.
Desferiu…
… só que a mão já lá não estava. E, sem algo para lhe amparar o movimento, a Lena estatelou-se no chão e a régua fez-se em mil pedaços. Os minutos seguintes foram passados a dar-lhe assistência. Que coisa estranha se passara para ela cair no chão se eu nem me mexera?
Acho que ela aprendeu. A partir de então tornou-se a pessoa mais suave a aplicar os castigos que, pelo direito vigente, caberiam à professora.
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