quarta-feira, fevereiro 02, 2005

A vitória do Viúva Negra

Subia a travessa do Pasteleiro envolto na sua capa qual ente tenebroso.

Nunca se soube a verdadeira razão. Uns sustentam que o frio a tanto obrigava. Outros acham que, por essa altura, tinha de esconder a sua face para não ser notada pelas pidescas criaturas que cercavam Económicas e perseguiam os estudantes.

Apesar do seu disfarce, na escola cultivava o espírito de Os amigáveis. E era de tal modo empenhado que venceu o campeonato universitário e participou em vários TIAs (Torneios inter-associações).

A designação sugerida não me é estranha, só que, no meu tempo, a campa e batina estava de todo abandonada e era nas RIAs (reunião inter-associações) onde aqueles de que tantas vezes já vos falei delineavam os próximos passos para dar uma ajuda à construção do país livre que hoje temos.

Quais seriam as referências musicais do “Viuvinha”? Eu reivindico o Zeca, o Adriano, o Sérgio, o Cília, o Zé Mário para a minha geração. O que se ouviria doze ou treze anos antes?

E dos outros? Eu tive os Beatles, os Stones, os Animals, os Moody Blues, a Mellanie... Já não sei o que resta ao “Viuvinha”, talvez o Paul Anka, o Pat Boone, o Elvis, não é ele um grande pé de dança como por vezes demonstra em São Sebastião?

Mas, se no meu tempo houve RIAs, é porque, para além do seu magnífico empenho no desporto, ele o conseguiu utilizar como uma forma de gerar a união entre escolas na contestação ao fascismo transformando algo que parecia de todo inofensivo num instrumento de subversão.

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