quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Memórias em vinil (1)

É mais uma provocação do Viúva Negra.
E eu junto: e qual o local de Ourém que elas lhe recordam?
Com base num tema destes eu podia trazer quatro ou cinco vinis, ou melhor EPs, agora já em CD ou em K7.
Curioso. O Avenida lembra-me o horroroso “Ma Vie” do Alain Barriere. O Central recorda-me Les Chats Sauvages (“Derniers Baisers” e “Oh Lady!”). O destruído jardim junto à Câmara lembra-me uma noite em que ali ouvi os Beatles em “I want to hold your hand”. Depois há todas as canções de sessenta associadas à feira nova e de que já falei na História de Amor.
Aquele pequeno parque frente à tabacaria do Vieira (o Fernando que trabalhava na Marina), perto do local onde paravam as camionetas dos Claras, lembra-me uma cena protagonizada pelo Jó Alho e que descrevi em Uma Chegada Imponente. Aí a canção era o “La plus belle pour aller dancer”.
Mas o Fernão Lopes tem de ter alguma canção associada. Acho que era a Borda d´Água, a Lena, que gostava muito da Françoise. Também se arranja qualquer coisa. Mas não podemos esquecer a Sylvie e o Christophe com o “Si je chante” e o magnífico “Aline”.
Recordo, ainda, um momento mágico, numa das fabulosas manhãs primaveris de Ourém, em que estávamos embevecidos na contemplação da belíssima imagem da Boazinha que, por seu lado, procurava dotar-nos com mais alguns vocábulos da língua inglesa. O problema era o "só". E recomendava ela: lembrem-se daquela canção, o "Only You", dos Platters. Nunca mais esqueci o momento nem a canção.
O Castelo também foi sujeito muitas vezes à visita da minha geração. Levava-se comida e música e eram tardes em beleza que ali se passava em pleno ar puro. Foi lá que, pela primeira vez, ouvi o “Sounds of Silence” do Simon and Garfunkel.
Se o Rui Temido passasse aqui pelo Ourem, ele decerto confirmaria que inúmeras vezes ouvimos no quintal, naquele local onde agora é a escola preparatória, perto da casa do ZéQuim, músicas do Dylan interpretadas por seguidores com outras preocupações melódicas. Foi o caso dos Byrds com o “Mister Tambourine Man” e dos Beach Boys com “The Times they are a-changing”, dois hinos fabulosos daquele tempo. Mas o pessoal também conseguia ouvir o Dylan como aconteceu com o “Like a rolling stone” que permitia executar pé de dança durante quase dez minutos e que nos acompanhou numa estadia na Nazaré. O mesmo Rui foi responsável pela divulgação de singles tal como o “I’m a believer” dos Monkees, mostrando desde logo os efeitos que a passagem por meios externos a Ourém tinham em termos de acesso ao comercial.

Nos bailaricos as músicas mais ouvidas eram as dos Procol Harum, “Whiter shade of pale” e dos Bee Gees (tantas: “World”, “Words”, “To love somebody”, “Spicks and Spckes”...).
E já não vos falo dos magníficos sons da Casa do Largo de Castela para que não se julgue que será mais uma sessão para dizer mal dos nossos prezados autarcas.
Bolas, estava-me a esquecer do Halliday com o “Le Penitencier”, uma versão magnífica da “House of the rising Sun“ dos Animals e que um dia caí na patetice de trocar com um oureense (acho que se chamava Raul) que nunca mais encontrei para desfazer a troca.
Remeto-vos ainda para aquele post relativo a Descobrir filões no meio da confusão musical que descreve a capacidade do Jó Rodrigues para encontrar passagens melodiosas no meio de cada gravação o que justifica que eu adicione aos já mencionados o "Happy together" dos TUrtles e o "Tell me you are coming back" dos Stones.
Bom, eu posso levar alguns destes gravados, algumas capas e falar uns quinze minutos, enquanto eles se vão ouvindo em fundo, depois não tenho conversa para aguentar mais.
Haverá mais voluntários?

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