Boca
É perfumada e faz lembrar o ninho
De um madrigal à sombra dum poema!
Ao vê-la, sinto a perfeição suprema,
A mais alta beleza eu adivinho
Coral que se faz cálix para o vinho
Que dá vida e calor a quem se algema
No imaculado e escultural dilema
De dois braços de mármore e arminho.
Rosa de primavera, altiva e casta,
Estrela que anda aqui pelo universo
Clareando a minha solidão nefasta...
Boca vermelha, onde, mavioso e terso,
De beijos virgens um colar se engasta
Como a palavra “amor” dentro dum verso.
Mendes de Oliveira
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