Desde muito novo manifestei forte tendência para dominar as minhas preferências musicais e tentar influenciar os outros que, em geral, as não apreciavam muito.
Ainda vivia na Rua de Castela e já tinha um belo espólio dos Beatles em EPs que fazia a malta amiga ouvir num gira-discos em formato mala de viagem e, claro, todos detestavam pois não serviam para os bailaricos que eu considerava saloios. Sim, a minha música é que era a boa...
"Lady Jane", dos Stones, é uma canção que está ligada a um daqueles episódios em que fui fértil. Imaginem que algum amigo vos pergunta:
- Que disco hei de comprar?
Isto aconteceu no terceiro ou quarto ano do curso. O Vitória Fernandes comprou um gira-discos e queria iniciar a coleção. Caiu na patetice de me perguntar. Nessa altura, ouvia-se a dita música e claro que eu lha recomendei imediatamente. Não sei porquê, esse meu amigo não gostou, ia partindo o disco aos bocados:
- Por que é que eu fui na tua opinião? Ainda tu parto na cabeça...
Para compensar o meu «mau gosto» comprou um álbum dos Credence que me obrigava a ouvir todos os dias.
O mais engraçado é que esta minha tendência para aconselhar os amigos «sem fazer concessões ao comercial» ocorreu com um outro a quem recomendei "Tubular Bells" de Mike Oldfield, aquele em que há uns quinhentos instrumentos (em momentos diferentes) a tocarem os mesmos acordes, mas, em que, lá por dentro, o homem explora todos os sons inclusivamente os que se produzem em casa de banho. Claro que mais uma vez fui censurado...
O meu amigo Bastos acabou por trocar o disco por "Gracias a la vita" da Joan Baez.
Hoje deixo uma recomendação ao pessoal que vem ao «Estórias de Ourém»: não oiçam estas músicas… elas deprimem. É que antes apareciam como cerejas, agora não se ouve nada decente...
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