segunda-feira, setembro 20, 2004

Época de caça
Ela aí está de novo com as inevitáveis manifestações de inveja entre praticantes organizados em classes diferentes o que justifica a sua presença junto à residência oficial do primeiro ministro. Como eu admiro a paciência de PSL.
Confesso que não consigo perceber a paixão que move estas pessoas por uma actividade lúdica que é pura e simplesmente uma descarga de crueldade relativamente a outros seres vivos.
De onde vem isto?
Será algum gene que ficou proveniente daquelas sociedades primitivas em que se vivia da caça e da pesca? Serão as pessoas tão primitivas quanto isso?
Quando era puto, também andei à caça, também tive a minha pressão de ar. Felizmente, a pontaria era do pior. Mas o pouco que acertei serviu para me sentir tão mal quanto fiquei com aquele pobre ser na mão, cabecita a cair, sem vida, que sinto quase vontade de vomitar quando o recordo.
Uma vez deparei com um coelhito de poucos meses à frente, aí a uns dez metros. Levei a arma à cara, desfechei, mas nada consegui, ele desatou a fugir e persegui-o a correr.
Pouco depois, fui descobri-lo na toca. Tive pena, não lhe dei qualquer tiro adicional, levei-o para casa dos meus tios que o criaram. Pelo caminho, aquelas patitas de trás provocaram-me vincos de sangue no braço. Foi bem feita.
O bicho lá foi crescendo, eu ia vê-lo quase todas as semanas, até que um dia já não o encontrei. Desapareceu no prato.
Eu é que não me perdoo por o ter retirado do seu ambiente.

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