terça-feira, julho 19, 2005

Empresas municipais

Estive a almoçar com alguns colegas e a conversa deslizou para as empresas municipais.

Dizia um deles: “não percebo como é que alguém consegue mostrar a viabilidade de uma empresa de recolha de lixo relativamente à permanência nos serviços da Câmara. Aqui, existiria um director, eventualmente alguma secretária e o pessoal operacional. Na empresa, o director será substituído por um conselho de administração, que será assistido por um corpo de secretariado, originando custos muito mais elevados para o contribuinte”.

Concordei um pouco com ele e lembrei-me da miséria que é a limpeza das ruas da Parede (onde também é a trupe laranjota quem actualmente faz estragos)desde que confiada a uma empresa de nome SUMA que mais parece uma estância de recreio com os instrumentos de trabalho: aspiradores, lavagem e limpeza. Devem ter um planeamento de tal modo sujeito a uma elaboração de qualidade que há ruas onde nunca se vê um agente dessa empresa e há outras, de maior visibilidade, onde todos os dias passa o carrinho da aspiração. A dar mais graça à cena é o recado da junta de freguesia quando se apresenta uma reclamação: “Ah! Apresente o caso à SUMA. A limpeza é com eles...”. Chama-se a isto controlo.

5 comentários:

Anónimo disse...

As Empresas Municipais são fixes. Servem, no geral, haverá excepções, (poucas! creio) para uns certos caramelos comporem o salário mensal.

(E neste rincão à beira-mar plantado, terra do leite e do mel, quem se pode mostrar agastado com semelhante practica? Apenas uns quantos invejosos que só vêem o vinho que bebo e não os tombos que dou.)

Anónimo disse...

Se os funcionarios da câmara trabalhassem para merecer o salario! Muitos nao fazem nada...
seguindo a ideia do autor teriamos umas ruas lindas... demoram horas para apanhar meia duzia de folhas do chao.
Pelo menos nas empresas os trabalhadores trabalham!

Unknown disse...

Oh Anónimo.

Qual é a diferença entre os trabalhadores trabalharem para a Câmara ou para a Empresa Municipal de Saneamento?

Aqui para nós que ninguem nos ouve é só o "salário" do Sr Vereador que passou a ser, tambem, administrador da dita, e, consequentemente, a embolsar uma maquia que lhe ajeita aquela sobra de mês no fim do ordenado.

Quanto ao facto de nas empresas os trabalhadores trabalharem é uma outra história.

E parece-me que em Portugal trabalhar é o que está a faltar!

Lobo Sentado disse...

O amigo Santa Cita disse quase tudo.
Os trabalhadores merecem todo o meu respeito seja qual for o local em que prestam a sua actividade.
Há queixas? Com certeza, por todo o lado há abusos e há que combatê-los.
MAs o objectivo do artigo era a justificação das empresas municipais. E parece que a única é a colocação da clientela já que argumentos de índole económica parece não fazerem sentido.
O outro aspecto tinha a ver com a desresponsabilização. O exemplo apresentado parece mostrar que pode existir tendência para as autarquias se livrarem do controlo pelo respeito pelos contratos em que delegam actividades pelas quais são responsáveis, o que julgo errado. (Fora disto, outra coisa que me chocou foi a Câmara contratar uma empresa para controlar outra na execução do novo edifício dos paços do concelho: isto permite tudo).
No fundo, responsabilização, coordenação, controlo não devem, na minha perspectiva, ser dados em outsourcing...

Anónimo disse...

Desculpem lá,mas parece-me que se está a empolar um pouco o que, sendo muito importante e significativo, não é o essencial. As EM aparecem com a justificação de virem "agilizar" a gestão, de a virem libertar dos constrangimentos que caracterizam a administração pública.
Por um lado, assim devolvem-se à "iniciativa privada" actividades que estavam na órbita do serviço público (e dela são!) e passam-nas para a órbita e lógica do mercado e da acumulação do capital; por outro lado, aumenta-se o pêso específico da administração pública com actividades de menor visibilidade e... não-rentáveis e enquanto o forem.
Os efeitos que aparecem nos comentários, a que chamo colaterais, são muito importantes mas são "trocos" em realação a questões de fundo.
Mas está a administração pública bem? Claro que não. No entanto, acho que o que é preciso não é dizer "isto é irrecuperável" (ou irrecuperável o tornar com gestões capciosas), e passar para outras áreas e órbitas, mas sim corrigir os erros que são corrigíveis e manter as actividades de serviço público nas áreas e órbitas... de serviço público.
Desculpem lá. São só duas reflexões incaláveis!

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