sábado, outubro 03, 2015

Depois da feira



Vão vagos pela estrada,
Cantando sem razão
A última esprança dada
À última ilusão.
Não significam nada.
Mimos e bobos são.


Vão juntos e diversos
Sob um luar de ver,
Em que sonhos imersos
Nem saberão dizer,
E cantam aqueles versos
Que lembram sem querer.


Pajens de um morto mito,
Tão líricos!, tão sós!,
Não têm na voz um grito,
Mal têm a própria voz;
E ignora-os o infinito
Que nos ignora a nós.


22-5-1927
 
 
 
Fonte: Poesia Ortónima, ed. Expresso

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