terça-feira, outubro 18, 2005

Um orçamento obviamente ao serviço do povo

Baseia-se no crescimento do desemprego, no ataque às pensões dos reformados, no desrespeito de compromissos assumidos quanto à reforma de funcionários, na perda de poder de compra do funcionário público elevado a bode expiatório da crise.
Ainda se quanto a esta houvesse alguma esperança na resolução...

6 comentários:

TP disse...

Ontem nos Prós e Contras, foi dito algo de muito interessante e que concordo plenamente, hoje os sindicatos em vez de representarem o proletariado, representam o funcionário público e não o funcionário público médio, mas sim os funcionários públicos com grandes regalias (grupos corporativos). Como disse Jão César das Neves: "Também a Nobreza francesa tinha direitos adquiridos e veja o que lhe aconteceu?".

Injusto, injusto, é que nunca vi, os sindicatos a defender os jovens a não ser pelas generalidades do custome. Só defendem quem já lá está com regalias a mais!
Hoje, os jovens que trabalham em organismos públicos são contratados... quase nenhum entra no quadro.
As pessoas activas mais velhas, querem regalias sociais muito superiores aquelas que produziram enquanto trabalharam e depois querem que os jovens de hoje lhe paguem no futuro essas regalias... Talvez estejam enganados, porque o que hoje estão a fazer aos jovens, no futuro talvez tenham a paga na mesma moeda!

Conheço imensos exemplos onde existem funcionários públicos que trabalham imenso, para outros irem para o emprego conversar... pois como dizem, para quê trabalhar se tenho emprego garantido.

Eu dou-lhe um exemplo, eu sou investigador, hoje tenho mais curriculo que alguns professores que me deram aulas, hoje se quiser ir para o corpo docente de uma universidade tenho de fazer pos-doutoramento anos a fio, e talvez consiga a posição de investigador auxiliar (claro que poderia ter "cunha")! Pois esses srs ocupam as posições de Prof. Auxiliares anos a fio, sem uma única publicação e claro como têm emprego garantido ninguém os manda embora, para além disso não passa de uma comédia as avaliações internas nas universidades.

Quem fica prejudicado com o status quo é a qualidade de ensino, e pessoas competentes, muito mais do que as que lá estão, e nada é feito.

Por isso, enquanto a reforma da função pública não for de fundo, bem podem queixar-se! Enquanto foram aumentando o número dos funcionários públicos nunca vi os sindicatos contra, agora aguentem!
Mais, os funcionários públicos não se devem esquecer nunca que são os trabalhadores do sector privado que lhe pagam os impostos.

E isto é tão verdade, que facilmente vejo a diferença do meu pai - funcionário público, e a minha mãe - trabalhadora do sector privado. E só nesse aspecto avalio positivamente os sindicatos, pois junto das empresas são essenciais, para defenderem os trabalhadores dos abusos dos empresários (a minha mãe é sindicalizada).

Só mais uma coisa, já viu os trabalhadores médios da função pública a fazer grandes manifestações, claro que não, estas alterações não interferem muito com os direitos adquiridos que já tinham!

Lobo Sentado disse...

Caro tj
não me parece muito correcto contrapor os interesses dos jovens trabalhadores da função pública aos dos mais antigos. Estes não têm culpa de o centrão ter enveredado por uma política condenável de trabalho precário relativamentes aos mais jovens. A culpa está nos maus governantes que temos tido.
Também não apreciei a referência à história dos direitos adquiridos. Vou-lhe contar o meu caso. Ao fazer o meu último contrato de docente universitário as condições eram assim: ganhas x e tens direito à reforma aos 60 anos com 36 de descontos. Eu tinha outras hipóteses: por exemplo, ir para uma empresa de software, ganhar mais, com mais risco também e ter a reforma aos 65. Fiz uma opção muito longe de sonhar com o que se está a passar mas relativamente a condições contratuais vigentes. Hoje, sinto-me traído pela política do governo de Sócrates que não hesitou em defraudar todas estas expectativas. É claro que não me custa trabalhar mais dois anos (tenho 56) para ajudar o país, mas custa-me o ambiente que se tem criado em torno das pessoas que trabalham na função pública, ensino, etc.
Finalmente, apesar de ser um professor auxiliar, tenho uma ou outra publicação, mas gostaria de deixar um pequeno reparo em relação ao que escreveu. Eu não sou tão radical na apreciação negativa dessas pessoas que estão lá há anos e não têm qualquer publicação. Mais, sei de catedráticos que estão nessa situação e agora fazem a vida negra aos mais novos em momento de nomeações definitivas. Mas não esqueça uma coisa: durante muitos anos a cultura dominante não foi o sentido da publicação.
Finalmente, gostaria de dizer que não é pelo facto de alguém ser um grande investigador que é também um grande professor. Há pessoal que não tem jeito nenhum para transmitir o muito que sabe e há excelentes professores que não se revêm na maluqueira da corrida à publicação.
Fico por aqui. Obrigado pela visita...

TP disse...

Caro Luis,
o meu tom é um pouco "forte" no meu comentário anterior, mas faz parte da irreverência dos jovens. Tem razão em relação a expectativas frustradas da sua escolha.
Nós jovens estamos hoje naquela situação em que nem sequer pomos como condição qualquer expectativa de reforma, pois quando lá chegarmos ou as coisas mudaram muito ou a segurança social já faliu. No meu caso particular, tenho 28 anos e ainda nunca descontei para a segurança social. Tenho a situação de bolseiro, das situações mais precárias que existem. Sabe como são essenciais os bolseiros para as universidades. A segurança social que nos oferecem é ridícula. Quem faz pos-doutoramento como bolsiro hoje em dia, arrisca-se a estar até aos 35 anos sem qualquer desconto à segurança social, podendo optar claro pela esmola da FCT - MCES.

Infelizmente em Portugal as empresas ainda não investem o suficiente em I & D. Paciência... terei de tentar a minha sorte de outra forma, mas o mais certo é nunca ir fazer aquilo que gostaria. Também estas são expectativas frustradas. Teria a opção de ir para o estrangeiro, mas já lá estive 3 anos e meio e não gostei! È aqui em Portugal que gostaria de poder fazer aquilo que gosto. Isto sem pensar sequer em reformas. Actualmente só tenho cobertura do SNS, e não me queixo. Há muita gente que nem isso tem neste mundo.

Como pensa que se sentem os jovens da minha geração, que apenas querem encontrar emprego! Ou então têm situações profissionais muito instáveis. Ao ver pessoas com enormes regalias a queixarem-se!

Lobo Sentado disse...

Tem razão, tj
a situação dos jovens é desastrosa e revoltante.
Têm todos os motivs para se organizar e lutar por uma sociedade mais justa.
Mas não têm o direito de exigir que aqueles que acreditaram num determinado modelo de Estado Social, que contribuiram para o implementar e que têm períodos de descontos longos, aceitem a precaridade, a pauperização, a perda de direitos como o pensamento dominante tem vindo a querer implantar. Estes não são os verdadeiros inimigos dos jovens trabalhadores!

Anónimo disse...

tj o seu discurso faz lembrar os primórdios da expansão das religiões monoteístas que na ausência de coesão espalhavam-se a 360º agregando e agradando a gregos e a troianos. Os direitos adquiridos são-no para todos aqueles que integram uma carreira profissional logo qualquer diferenciação etária de direitos é uma absurdidade.

As "grandes regalias" são:
- A progressão nos escalões para quem tenha classificação de serviço positiva.
- O direito à aposentação por inteiro logo que reunidos os requesitos de tempo de serviço mínimo (36 anos) e idade (60 anos).
-Em alguns,poucos,subsectores da Administração Pública, sistemas específicos de protecção social e de saúde, comparticipados pelos trabalhadores.

Por isso as primeiras medidas do governo foram: congelar a progressão nos escalões, aumentar o tempo de serviço e a idade para a aposentação, retirar ou diminuir drásticamente os direitos dos regimes específicos de proteção social e de saúde.

ou seja as ditas regalias são exactamente aquilo que tj se queixa de não ter como investigador. Mais o tj preocupa-se em criticar os que "vão para o trabalho e nada fazem por ter emprego garantido", ou os professores que tem menos currículo que o tj e estão a dar aulas e ao senhor ninguém lhe estende um convite para ser assistente de uma qualquer cadeira, este tipo de conversa demagoga tresanda a eugenia e individualismo pelo que carece de mais qualquer comentário.

"já viu os trabalhadores médios da função pública a fazer grandes manifestações, claro que não" - É natural que nunca tenha visto pois pela sua conversa nunca esteve em nenhuma manifestação e com os 28 anos que têm ainda deve acreditar que os direitos foi uma cegonha qualquer que os trouxe durante um primeiro de maio.

O tj nunca viu nada, e aí sentado continuará a não ver. Responda lá, quantos funcionários públicos tem rendimentos inferiores a 600 euros?

Sobre os problemas na investigação pergunto-me se sabe e está na ABIC (Associação de Bolseiros de Investigação Científica) se não está junte-se-lhe e lute, porque os direitos não foi o espírito santo que os trouxe numa língua de fogo.

(Se tiver um tempinho apareça amanhã na manifestação na aven. da Liberdade e confirme a falsidade dos chavões que propala, é que com tanto curricullum há disparates que ficam mal dizer)

Anónimo disse...

A SEGURANÇA SOCIAL NÃO APOIA A QUEM DEVE APOIAR.A UNS FALICITAM-LHE A VIDA E A OUTROS DIFICULTAM-NA PORQUE UNS TEM FILHOS QUE NÃO ANDAM A ESTUDAR E RECEBEM O ABONO E OS QUE ANDAM A ESTUDAR SENÃO FIZEREM OS PAPEIS PARA RECEBEREM O ABONO CORTAM-LHES AS SUAS RAÍZES PARA CONTINUAREM A SUA VIDA PRA FRENTE.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...