segunda-feira, maio 29, 2006

O carteiro do médico veterinário

Aquela casa tinha sempre lindas serviçais.
Um homem não é de ferro. Todos os dias batia àquela porta e aparecia-lhe uma linda menina pronta a receber a correspondência. Brindava-o com um sorriso e um olhar cheio de promessas.
Um dia não resistiu.

Deixou cair a noite. Então, pé ante pé, desceu aquela estreita rua que há defronte do hospital. Lá mais em baixo o portão não foi obstáculo à sua passagem. A lua, cheia, convidativa, incitava-o a avançar. Lá dentro podia ver os movimentos dela, deslocando-se de um lado para o outro.
Avançou cuidadosamente até atrás de uma árvore. Tentou fazer-lhe um sinal. Mas ela não via certamente, cá fora estava mais escuro que no interior.
Andou um pouco mais. De repente, sentiu que algo se desfazia debaixo dos seus pés. Sentiu-se cair, mergulhar. Uma massa gordurenta e aquosa cobriu-o rapidamente, mas debateu-se e conseguiu pôr a cabeça de fora.
Que cheiro nauseabundo sentiu! Tinha caído na fossa da casa do médico veterinário…

3 comentários:

Anónimo disse...

Que cómico!!! Puxa a gargalhada.
Tens cá um manancial de histórias...
Sem te tirar o mérito, uma pergunta: por acaso, não será esta do livrinho do Dr. Durão?
X

Lobo Sentado disse...

Acabo de rever o livro do Dr. Durão e posso garantir: não consta lá.
Portanto, até prova em contrário era um inédito.
Claro que a recolhi junto da sabedoria popular oureense.

Anónimo disse...

Está genialmente contada, esta história. Parabéns, Luís! Esse baú não tem fundo.

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