domingo, novembro 05, 2006

O grande susto

A caminhada para a Olaia não foi das mais pacíficas.
Em Rio de Couros, já se anunciava algo de preocupante, depois as coisas melhoraram.
Mas, mais ou menos na zona do Mosqueiro, há um corte para Seiça.
- Vamos por aqui. Atalhamos e vemos as quintas...
O percurso iniciou-se bem, mas ao fim de algum tempo, algo de insólito aconteceu. Um grande pedaço de terra pareceu surgir no ar e despojar-se sobre a estrada.
- Pára, que horror. Que foi aquilo?
- Uma barreira que veio por ali abaixo.
- Mas eu vi-a no ar. Podia ter-nos apanhado.
Mais abaixo, havia carros parados. As águas lamacentas pareciam encher os terrenos que circundavam a estrada, às vezes atravessavam-na.
- Estou a ficar cheia de medo. Não é melhor voltar para trás?
- Já estamos a chegar a Seiça. Agora é um saltinho.
Seiça estava coberta de água que parecia ir na direcção da ribeira. Algumas pessoas tentavam afastar as àguas das suas casas.
- Que horror!
Fomos avançando e, de repente, vimos o caminho barrado por vegetação e terra.
- Não podemos passar.
- Voltemos para trás e vamos por Vale dos Ovos.
Mas, mais à frente, vimos novos carros a fazerem inversão de marcha.
- Não se consegue passar...
Houve receio. Derrocadas em cima, águas a correr e a encher a estrada ali em baixo...
- Tentemos a estrada de Ourém.
E foi o melhor. Pouco a pouco a intempérie foi abrandando, a passagem por Ourém já não teve qualquer problema.
Pouco depois, na Olaia, houve quem bebesse chá de camomila e outros que beberam outro chá...
A tarde foi passando. O Vitor e o Cúrdia recordavam as peripécias com bicicletas em tempos de cheias na infância.
Alguém recordou que as árvores mortes nos incêndios de verão permanecem nos locais onde nasceram em enorme risco de serem arrastadas para a estrada e causar alguma desgraça. Bem vimos na descida do Vale uma despenhada sobre a estrada. E não é difícil encontrar uma série delas na estrada de Alvega, na encosta onde também ocorreram fogos.
O Julito continuava em contacto com os seus. Mais abaixo, ouvia-se claramente o ruído de águas a correr por percursos pouco habituais. Um ruído, apesar de tudo agradável, calmo, que parecia dizer que o pior já tinha passado.
E foi essa convicção que fez com que todos voltássemos a Rio de Couros para a jantarada apesar do mau bocado que a última deslocação tinha proporcionado.

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